sábado, 3 de novembro de 2012

O BARULHO DO SILÊNCIO

A inquietação ensurdecedora invade corpo e alma
Insuportável se dá as paredes vazias de quadros e peças
Inaceitável se faz o vazio de gente por entre os cômodos e espaços da casa
Casa que não é Lar
Lar que de laços desfeitos se desfez
Sê é Lar não se desfaz?
Andas de um lado para o outro e não sai do lugar
Lugar em quê não andas não sai do teu andar
Olhar saltado que cabisbaixo desmancha em dor
Sem vozes
Sem palavras
Um apagão e o barulho se faz enlouquecedor
Sem, as costumeiras vozes que saem da companheira televisão...
Rádio, Internet, Aparelhos Eletrônicos tudo na inércia absoluta.
Sem abajur, sem luz...
E lá está você com você, sem você...
O que irradia algo de vida?
Instinto de vida e morte - se enfrentam...
O silêncio emite sons...
Sons que sutilmente intensamente começa a aumentar...
Barulho se faz, e é no silêncio do barulho, que você lá está.
E o que se dará?
Solidão inerte
Solidão fecunda
Solidão que desespera
Solidão que abranda e recupera
Refazer as energias e refazer-se
Desfazer-se no enlouquecer
Negar o que te abate
Ouvir o barulho do silêncio
Transformar o barulho em sons do silêncio
No som do silêncio, reconhecer o silêncio dos sons?
Retirante de ti, reencontrar a ti?
Sobrevivente sobrevivência, que reine o equilíbrio com vossa existência...
Conexões com a vida emergem a suplica do teu âmago, avante sempre avante...
Parado, andas
Barulho faça-se som
Barulho se faça luz
Barulho se transforme em inquietação produtiva
Inquietação produtiva se transforme em energia criativa
Energia criativa equilibre no viver, a existência harmônica com tudo o que é vida...
Instintos
Intuições
Sentimentos
Pensamentos
Sensações
Ações
O silêncio do barulho se apresenta, ao se reconhecer o que te faz fugir...
E ao encontro caminhas, ao encontro e reencontro de si mesmo...
O barulho do silencio de estéril, então se faz silêncio fecundo.

Com compaixão,
Elaine Souza
SP.03/11/2012 – 00h50min

A PRESENÇA DA AUSÊNCIA

A presença da ausência pode doer rasgar e até enlouquecer...
A presença da ausência se dá por vezes quando na saudade ou melancolia, sentimos e vivenciamos o reviver em outras frequências o já vivido e ou o esperado não vivido.
A presença da ausência, pode se dar de modo sutil e intenso, sublime e denso. Ora tão somente se impor a nós; feito tempestade que perdura por outras estações.
A presença da ausência é algo tão previsível, quanto imprevisível a nos desafiar.
Feito os ciclos da natureza, as quatro estações e os ciclos das marés que por vezes a nos desafiar, geram clareza, quando não, nos deixam atordoados.
Feito ciclo dos ventos nos deixam serenos e apaziguados, perturbados e amedrontados, claros e confusos, e, contudo naturalmente em ciclos.
Ciclos, que quando compreendidos na leveza, gratos nos tornamos.
Quando você partiu deixou algo de ti em mim, e o que será que levou de mim?
Será necessário considerar que levastes algo de mim?
Pretensão ou reconhecimento, o perceber assim?
Na mágica da interação o dar, pedir e receber, outrora simplesmente o compartilhar, onde nada se exige ou se impõe, acontece o viver “na vida” com vida a vida.
Perdas?
Ganhos?
Saudades!
Ah, essa presença da sua ausência que hoje toca-me a alma...
Não sei explicar ou mensurar, sei que faz parte do que é orgânico.
E por ser orgânico, se somos orgânicos no que será que nos transformamos?
Após a morte o que acontece?
Tudo se perde ou tudo se transforma?
É interessante sentir a presença da ausência. Talvez confuso por tão simples, afinal se está presente, não se faz ausente?
Então cá fiquei a pensar, sentir e refletir para comigo mesma, em outras presenças de ausências em vida. Falo daquilo que transcende a saudade de alguém ou de algo que completou o seu ciclo de vida no que conhecemos por vida e partiu.
Partiu para o fim ou para a continuidade, dependendo da crença de cada um. O que não é o propósito da reflexão nesse dia de finados. O propósito da pausa por ora é outro, que não desclassifica os demais propósitos de reflexão e pesquisa sobre Vida e Morte.
Hoje, é sim o de sentir a presença ausente do corpo físico e tão presente do espírito.
Tantos legados, tantas marcas, experiências, partilhas, compartilhamentos, cumplicidades na mágica vivência da tua passagem e existência em minha vida.
Trajetória de vida que na sua história de vida complementou e enriqueceu a minha.
Tantos seres queridos, admirados, amados e reconhecidamente meritórios no que tange ao enriquecimento e beleza da vida, da minha vida e na de outras pessoas.
Por ora quero por assim dizer, compartilhar tão somente o que toca em mim e transcende a qualquer intencionalidade ou sentido egoísta. Afinal como generalizar o sentido e significado de algo que nem sempre se dá de modo generalizado e igual a todos.
Posso amar um ser que por outros não é amado.
Posso reconhecer e considerar alguém de modo semelhante ou oposto a outros que com o mesmo convivem e ou conviveram.
Nem sempre temos o mesmo sentido de "significado e importância" nessa rica diversidade e melodia que é o viver com o conviver.
Caminhando ao encontro do respeito à integridade e dignidade humana no viver e sentir: gratidão, encantamento e ternura são o que hoje sinto, na passagem de pausa em que a presença da ausência me faz reviver e recordar a existência dos seres de elevada estima que deixaram saudades e legados.
Belos seres que da terra partiram, e, no entanto se faz contínua a presença da existência.
Portudo de bom, belo, terno, intenso e sublime na nossa interação.
Livre, livremente apegada desapegada, digo, Gratidão Ser e Seres Amados.
Se há dor, não de sofrimento ou negação, e sim de saudade...
Na leveza a saudade doida sutilmente nos liberta e conduz ao reencontro do melhor dos nossos encontros e despedidas.
 
Com ternura,
Elaine Souza
SP. 02/11/2012 – 23h50min

terça-feira, 24 de abril de 2012

Boicotes Terapêuticos


Ao longo da vida observamos o curso natural de nossas fantasias humanas, reais tão irreais na arte da convivência e do conviver.

Há beleza das relações e beleza nas relações, algo que nos conecta e ilusoriamente nos desconecta de nos mesmos e do outro. Navegamos na dependência, a independência, escolhemos entre esses extremos um porto seguro, e quando realmente seguros, descobrimos que não há porto seguro, e sim o redescobrir da interdependência.

Uma profunda interação existencial que espiritualmente nos conecta uns aos outros e a vida como um todo. Por vezes seguimos com a arte de nos confundir, e com maestria nos confundimos num emaranhado, que aqui elucidamos enquanto boicotes terapêuticos.

Desenvolvemos mecanismos de defesas e artimanhas, até chegar ao ponto em que não mais sabemos do que, de quem, por que ou para quem estamos fugindo. Daí a sensação de que há certa magia e cor no movimento em que o que nos desconecta nos conecta, e o que nos conecta nos desconecta.

Do nosso envolvimento com o outro enquanto “pedestal” “superior” “salvador” “completude”, o vácuo do crer-se incompleto, sempre em falta, a falta, e o possível enredo da vivência e experiência da relação balizada pela cultura e mentalidade hierárquica.

No contexto das relações, podemos visualizar a comum Serra com Neblina que comumente dificulta enxergar com "o que" e "com quem" estamos nos relacionando, no sentido da forma e dos valores implícitos e explícitos no “nosso modo de ser e estar” e “do ser e estar do outro”.

O discernimento quando se faz oculto, torna comum em nós a debilidade para distinguir com lucidez "o que somos", de “quem estamos sendo", "o que temos", "do que somos", os papeis e funções que exercemos; assim como o nosso próximo. Logo nem sempre se faz lúcido “o quê” e “como” estamos desejando e ou sendo desejados, como e quando estamos genuinamente nos relacionando, se há e qual a relação, se estamos passivos, reativos e ou proativos, o quanto participamos e quanto interagimos conosco, com o outro, com o viver e conviver, e com a vida.

Tornar-se dependente ou codependente nas relações é algo tão comum, que se incorre no equivoco da banalização da essência humana e da vida. Quanto mais assumimos posturas e posições hierárquicas, maior se torna o espaço para as confusões e projeções, a transferência de responsabilidades e papeis, o descompromisso com o compromisso da nossa própria essência, e daquilo que é essência, o ser reativo e ofuscar-se no emaranhado de justificativas de artificial imposição a si ou ao outro, passa a ser natural, daí o irreal-real.

Ao nos debruçarmos sobre nós mesmos, podemos refletir sobre como se dá as relações em nossas vidas e como nos relacionamos com a vida. No insight é possível trazer a luz, simples e profundos conceitos, tais como:
  1. Apaixonamos-nos pelo outro e ou pelo jeito de ser do outro?
  2. O outro se apaixonou por nós ou pelo nosso jeito de ser e o que representamos a ele?
  3. Apaixonamos-nos pelo jeito de ser do outro e ou pelo jeito que o outro nos trata?
  4. O outro se apaixonou por nós ou pelo jeito que o tratamos?
  5. Somos dependentes do outro e ou do papel e sentido que damos ao outro em nossa vida?
  6. O outro é dependente de nós ou do papel e sentido que damos ao estar na sua vida?
  7. Quem sou eu e quem é você nessa relação?
  8. O que rege nossas relações à complementaridade ou a completude?
Reflexões essas que já pontuamos em outras ocasiões, e que sempre emergem e valem a revisitação.

Boicotes terapêuticos no sentido do encontro e desencontro da ambivalência que reluzem estados de: autossuficiência e submissão; reatividade e passividade. Terapêuticos por se darem em doses homeopáticas e por vezes alopáticas. Poderíamos classificá-los enquanto armadilhas que nos tiram de nós mesmos e nos impõe a outrem ou seria muita prepotência assim considerar?

As conexões com a vida são reflexos da nossa interação conosco, com outras pessoas e com a natureza?

Aqui estamos nos referindo as “cotidianas” e “conhecidas” situações da paixão e do desejo por algo ou alguém idealizado. Nada novo quando nos referimos a relação com poder “desigual” entre terapeuta e paciente, professor e aluno, médico e paciente, chefe e subordinado, e etc. Por que será que isso acontece? Uma questão química? Uma motivação psicológica? Um impulso meramente instintivo?

Pesquisas e Estudos já apontaram tantas razões para esse contexto, estudiosos e profissionais da área da psicologia, sociologia, psiquiatria e tantos outros, já abordam o aspecto do envolvimento e das motivações para supostos envolvimento e ou comprometimento com o que o outro representa ou aparenta representar. No entanto por que o ciclo permanece?

Por vezes em algumas oportunidades de escuta, observação e interação com pessoas; fluímos nas conexões que saltam aos olhos por revelar certos padrões, daí a reflexão. Vamos navegando nos valores, vícios e virtudes, navegando da vaidade nociva a benévola, do orgulho nocivo ao benévolo, do ego libertador ao ego aprisionador, são tantas sensações, tantas peças para o mosaico, que fazem emergir perguntas...
  1. Seriam boicotes terapêuticos?
  2. Alimento a codependência?
  3. O alimento é a fome e a fome é o alimento?
  4. O “carente dependente” é quem gera a fantasia ou quem é receptivo e a alimenta?
  5. Por que existem pessoas que conseguem facilmente perceber quando estão confundindo ou deixando-se confundir e outras não? Será isso mesmo?
  6. Por que algumas pessoas conseguem diferenciar a paixão pelo que o outro representa ou apresenta, da paixão pelo outro em si?
  7. Terceirização da responsabilidade de si?
  8. Projeção?
  9. Quando a dignidade humana se perde, é que também se transfere ao outro as rédeas e o sentido da própria vida?
  10. Formas para perder-se de si e reencontrar-se?
  11. Ofícios naturais da natureza ou ofícios da artificialidade criada pela espécie humana?
  12. Quem sou eu e quem é você para dizermos que esta certo ou errado?
Podemos sinalizar pelo intuir e vivenciar, que há outras peças e cores no mosaico, ora facilitar a composição da melodia é confiar na tênue intensidade do arco-íris.

Se olharmos ao nosso redor, é possível perceber que há ciclos, conexões e interações, uma frequente sinalização que nos impulsiona a constatar a existência de diferentes frequências que alimentam a complementaridade da vida. E aqui não estamos nos referindo ao limitar-se ao chavão popular do sentido generalizado para “a tampa da sua panela” e ou “alma gêmea”, vamos a algo além, desse além dentro e fora de nós.

Do Lobo Faminto ao Lobo Alimentado – Do Cavalo Selvagem ao Cavalo Adestrado, cada qual com o seu viço, momento, estado e estágio. Sê somos essencialmente Organismos Vivos interdependentes e conectados com a Vida e toda sua Natureza, olhando os “animais” e a diversidade de “espécies da natureza”, é possível “constatar”que de faminto, podemos apenas estar com fome, ou apenas saber que é chegado o momento de refazer as energias, nutrir-se, aceitar a renovação dos ciclos, considerar a mudança de estação, compreender as fases da lua, respeitar os ciclos da maré, a sinergia entre fogo, ar, terra e água.

A constatação da interdependência, o sentir a complementaridade, a mágica surpresa que sentimos quando nos descobrimos em sinergia de pensamentos, sentimentos, sensações e intuições com pessoas e espécies conhecidas e desconhecidas.

No contraponto o fácil e emergente condenar popular ou especifico para as projeções, fantasias, transferências, transgressões e fantasias. E algo interessante e sempre semelhante emerge do âmago quando observamos tais contextos, o paradoxo.
  • O problema não está no outro te endeusar, e sim no que você faz desse endeusamento.
  • O problema não está no outro alimentar e ou rejeitar o seu endeusamento por ele; e sim no que você fará desse alimento ou rejeição.
E isso pode ser ou não um problema. Pode ser ou não uma solução. Tudo depende...

Uma linha tênue e tão gritante salta aos olhos, algo para além da Ética e dos Valores, a revelar-se no contexto a forma em que se dá, se alimenta, e se nutre as relações humanas e sua interação, consigo e com o próximo.
  • Sugamos e somos sugados?
  • Alimentamos e somos alimentados?
  • Aprisionamos e somos aprisionados?
Há interesse em alimentar os Boicotes Terapêuticos do outro para conosco e vice versa? Qual interesse? Quais os valores envolvidos nessas relações, participações e interações?

Estarmos atentos ao que nos move e impulsiona a estimular ou desestimular no outro a fuga de si, pela paixão e endeusamento não pelo que somos e sim pelo que a ele representamos nos papeis sociais que exercemos, é algo que transcende a hombridade.

Se não está em nossas mãos o controle sobre o que outro sente ou deixa de sentir por nós, certamente os nossos comportamentos, escolhas, atitudes e valores, a postura da clareza ou não para regular a relação e nos autorregular estão.

Sempre “brinco” que para além da desonestidade intelectual, reflexo das nossas mazelas e debilidades, há também a nossa honestidade espiritual, que sinaliza a necessidade emergente ou não da clareza da relação.
  1. Quer alimentar o clima de sedução? Simples, assim: Faz de conta que não está percebendo e ou outro faz de conta que não está sentindo, e vez ou outra vá invertendo as posições.
  2. Quer alimentar a clareza da relação? Simples, assim: - É impressão minha ou (...)? Converse, seja claro e comunique o que está sentindo, intuindo e percebendo para então constatar e escolher que tipo de relação deseja manter e ou estabelecer da li pra frente.
  3. Quer ir além, e nutrir relações genuínas e interação de corpo e alma? Que tal no encontro de si, nutrir o autoconhecimento, ajudando-se a dar menos importância ao si mesmo, no sentido do “se achar” e sim genuinamente “se reconhecer”.

E rogamos, que por amor, atente-se ao próprio discernimento e ao que verdadeiramente faz sentido a ti, ao salientar o pedido: não confunda o que estamos a refletir com moralismos, dogmas, certo, errado, tem quê, pode ou não pode, jeito certo e errado de se relacionar, vida monogâmica, vida em castidade e etc. Estamos nos referindo a algo que transcende aos padrões, regras e processos criados por alguns homens e aceitos por nós; logo por gerações e gerações alimentados e nutridos por nós enquanto indivíduos, coletividade e sociedade.

Por que é assim? Para que é assim? Fez sentido? Continua fazendo sentido? Para que? Para quem? E pra mim? E pra você? E pra nós? Como? Quando? Onde?

Seriam formas de manter, roubar ou controlar o poder "nosso - do outro" e "em nós - no outro", roubando-nos, nos deixando roubar e ou roubando ou tentando roubar o outro do "si mesmo", não se sabe o quê e nem o porquê e ou se sabe?

E na lucidez libertar-se libertando o outro, e é então que genuinamente se aprisiona ao que lhe faz liberto. Por conectado estar, responsável se dá por livre ser, comprometido interage em vida e morte - com a vida e morte. Liberdade emergende que a lucidez se revela em desenvolvimento nos valores humanos e espirituais, considerando-se a si e aos outros, como são e ou estão, em "construção".

Fraterno abraço,

Elaine Souza – SP. 24/04/2012 – 18h10min

terça-feira, 13 de março de 2012

DOÇURAS E AFABILIDADES DA VOVÓ

Das amarguras o amargor que embriaga a alma
Da doçura o mel que afaga o coração
Da afabilidade as asas que libertam corpo e espírito
Da ternura o que aquece os atos
Dos resultados a riqueza do processo
Quem sou eu para dizer-te errado, quando não há erro
Tão somente caminhos de aprendizagem
Mamãe sempre dizia que a maior Escola é a Vida
Vovó sempre dizia que a Vida é uma Faculdade
E eu pequenina as escutava, interessada em decifrar todas as sopas de letrinhas. Pensava para comigo:
- Isso deve ser legal, quero aprender nessa escola e faculdade, quando será que posso começar, quero ir lá?
- Os mais velhos, dizem que preciso ter idade. E o que é ter idade mesmo? Quando vou ter idade?
E mergulhava nos meus diálogos interiores:
- Ué, mas o que será que elas estão dizendo, mesmo?
- Xiiii, eu não entendo direito, mas sinto aqui dentro do peito que isso faz sentido...
- Ué, pra que será? Por que faz sentido? Por quê?
- Vamos escrever para conversar mais...  
Assim intuindo, sentindo e pensando, lá ia eu a correr e mergulhar nos meus diários e manuscritos para decifrar aquelas lições. Interessada por mais; retornava, para aquelas conversas ao redor do fogão, do sofá ou do quintal. Ficava maravilhada e aguçada.
- Vovó, fala mais, fala mais Vovó querida... O que quer dizer isso? E isso? Vovó querida explica de novo, por favor, por favor...
(...) Quanta sabedoria explicita nas rugas e pele molinha da Vovó...
(...) Por que ela é tão molinha... Eu pensava...
(...) Mas é gostoso, tocar e abraçar a vovó...
(...) Ah, esse lenço na cabeça, porque será que ela sempre usa o lenço e prende os cabelos longos? E ela é sempre cheirosa... Vovó perfuma como as rosas...
(...) A Vovó é tão diferente e tão especial, ela é doce e divertida, e ela sabe de tantas coisas...
- Será que dou conta de aprender tudo isso?
- Ah, como é gostoso...
- Quando crescer quero ser igual à vovó... É eu vou ter idade para ficar igual à Vovó...
- Ué, mas será que ficarei assim também toda molinha e “enrugadinha”? Ah, mas quer saber a Vovó é uma bela mulher, e é gostoso tocar nela, abraçar e ficar perto; ela só é diferente, porque é “enrugadinha”. Será que um dia ela já foi como eu?
- Vovó conta mais daquela história de quando você era menina pequenina como meu...
O tempo passou (...)
Vovó partiu! E admirada me assusto quando dou por mim; tantos anos já se passaram de sua partida. Que de infinito tempo, parece que no finito foi ontem, e nunca o foi; pois a sinto tão presente. Dias como o de hoje em que por alguma razão a sinto tão próxima e tão presente.
É interessante, o quanto Vovó Tiana, representa naturalmente referencias ao meu Ser, para com muitos temas e reflexões, valores e lições. Para alguns temas algo mais profundo e significativo do que livros e bibliotecas, sem demérito, e sim por significar a mim vivencias experiencial de corpo e alma.
Ao redor da cesta repleta de laranjas ou mangas, em que nos esparramávamos todos, e enquanto os adultos descascavam as frutas, nos deliciávamos, nos lambuzávamos e ia se conversando, contando histórias e estórias. E eu ficava atenta observando cada gesto, palavra e movimento, gostava de brincar com as crianças e gostava também de me atentar aos adultos, sempre, sempre...
Adora observar Vovó preparando a Couve, havia todo um ritual naquele movimento. Ela abria o saco, pegava a couve, separava folha por folha e lavava; depois jogava o saco no lixo, juntava folha por folha, enrolava bem enroladinha a couve. Pegava uma bacia de legumes das bem grande, sentava-se no degrau da escada ou na cadeira entre a porta da cozinha e o quintal, puxava um pouco o vestido longo, e com a bacia no seu colo começava a cortar a couve, fininha, fininha. Cantarolava, contava histórias e repentes, e ao mesmo tempo mantinha-se atenta a nós e a couve. E como mágica a couve ia sumindo das suas mãos e que na bacia formava uma montanha verde. Depois ela ia para o fogão, e nossos olhos já não conseguiam captar com tamanho detalhamento o que na panela acontecia. Tão somente o aroma, e depois a mesa lá estava ela a “couve da vovó”.
- Ué porque será que depois que sai da panela, a montanha verdinha fica com outra cor e menor?   
Recordações da infância aos primeiros anos da juventude, tão latentes, em que temas como Doçura e Afabilidade, me remetem a Vovó. Sem pedir, clamar ou chamar, por natural e sublime emerge do âmago recordações tão vividas...
Perdas são perdas, perdas são ganhos, perda faz parte, perdas são encontros e reencontros.
Estava a refletir sobre a Afabilidade e a Doçura, e quando dei por mim, por ente lágrimas de saudade e presença, Vovó emerge no sabor doce e salgado que pela face escorre...
E o que é doçura?
Seria a tamanha firmeza e acolhida da Vovó?
Seria a forma em que ela cuidava das plantas e flores?
A afabilidade de suas mãos, sim mãos mágicas, que deslumbravam os meus olhos, pois a terra quando por ela tocada tudo brotava...
Seriam os bolinhos de chuva repletos de açúcar e canela?
Seria o cuidado ao presentear?
Seria a couve amarga e tão saudável, que por ela preparada tornava-se adocicada e fininha?
Seria a sua forma de pronunciar meu nome e me chamar?
Oh Lani, venha cá Laninha...
Oh minha neta querida vem cá...
Seria a sua alegria e concentração para contar histórias e estórias em suas cantorias?
Seria a forma de me pedir para cantar parabéns?
Seria a mágica da sua força na fé?
Seria o fervor de suas orações?
Seria a bravura branda das chamadas as nossas artes?
Seria a confiança ao nos confidenciar seus sentimentos, angustias e anseios
Seria o seu olha que no silêncio tudo dizia
Seria o toque suave de suas mãos
Seria a firmeza do seu doce timbre de voz
Seria a memória de elefante que de todos os aniversários se lembrava
Doçura natural que alegrava e aconchegava a todo
Colo imenso em que poderia até faltar tecido nas saias longas, mas não espaço de acolhida
Colchas de retalhos coloridas que aqueciam o frio da alma e refrescavam o calor da vida
Afabilidade natural que por onde quer que passe algo sempre a presentear
Sua presença, o presente mais nobre
Sua essência, a jóia mais rara
Vícios e virtudes às claras
Braços fortes para acolher e apoiar
Braços frágeis e pesados por tantos pesares e amarguras
Leveza intensa no olhar
Olhar claro que de triste era lúcido
Olhar claro que de alegre era clareza
Construções conceituais de dogmas e morais, no misto com suas próprias experiências
Ora tudo tão forte, denso e rígido
Ora tudo tão forte, leve e flexível
Um misto entre a sabedoria do que era e do que acreditava ser
Vovó era mais prática do que teórica, era mais de ação do que de pensamento
Vovó era introspectiva e reflexiva, era mais de sentimento do que sensação
Vovó era intuitiva e aguçada, no misto, cautelosa e rápida
Vovó era generosa e econômica
Vovó era orgulhosa e humilde
Ora de nada prepotente ou arrogante, era suave ao pousar e repousar nas asas da educação
Vovó era brava e nada boazinha
Vovó era benevolente e justa
Vovó não fazia para agradar
Vovó fazia porque sentia que era o certo
Vovó era o que intuía e no intuir, agia
Vovó era presente, presente
Vovó era “tudo” e “nada”, vovó era Mulher de fibra e sutilezas
Vovó nos seus últimos anos de vida, vivenciou a experiência da dependência
De tão interdependente, determinada, corajosa e criativa aqueles últimos anos de sua vida, ressoavam a muitos de nós algo incompreensível e cruel de mais a ela...
De amante apaixonada pela vida, passou a ser temerosa da morte
Sim, Vovó passou a temer a morte dia-a-dia
Não teria a Vovó se praparado para a mote, ou para o definhamento da vida em morte?
Ora contudo, como dizer que sua vida foi definhando, se ela continuava tão iluminada a iluminar os seus? Poderia apenas o corpo definhar, e a alma lapidar-se?
Diante a tantas perdas e marguras, sua doúra continuava ali nítida, e latente a jorrar ternura...
Refinamentos da doçura com afabilidade? Reflexos do Amor?
Entrevada numa cama, dependente da ajuda para fazer as coisas mais simples e naturais, das necessidades fisiológicas, as de conservação e socialização, as mais sublimes. E misteriosamente Vovó que por vezes parecia esquecia não se esquecia das datas de aniversário, e permanecia latente o seu dom generoso de nos enxergar e saber o que ia à alma. Sua capacidade de aproximação empática, seu estado livre e compreensivo, sua alegria e fé, sua bravura branda, ali permaneciam latentes e aguçados. Poderiam ter algumas alternâncias no seu estado de humor e mental, ora contudo, no espírito vivido ela reluzia.
Vovó morreu e continua viva dentro de nós
E nas suas filhas, mãe e tias minhas; no amargor da dor da perda é possível detectar doçura no olhar e na pronúncia ao recordá-la. O que também se reproduz ao observar nos primos, netos, bisnetos e tataranetos seus, as saudades e vividas recordações, que de tão ricas e saborosas chega a doer e aliviar, por fluir nos faz viajar no tempo com o tempo de nós.   
Doçura algo que se faz e se sente;, se vivencia e se degusta ao natural
Afabilidade algo que toca serena e fica porque marca  
Sim, doçura e afabilidade, algo que se experiência e se ensina através dos atos, gestos, movimentos e comportamentos; e para contudo, algo que nos toca no campo dos sentimentos traduzidos num jeito de ser gente, no humano espiritual, que do natural consiste em nós.      
Na torcida o desejo para que abraces o que faz voar a alma e levitar o corpo
Que a agressividade genuína possa transmutar toda opressão, o opressor e o oprimido
Que feito estações ensine a reconhecer na natureza o seu Eu em Você, e o nosso Eu em Nós.
Equidade com na doçura e afabilidade, a você e a todos!
Fraterno abraço,
Por Elaine Souza - em SP. 13/02/2012 - 14h41min

CLAREZA - CLARÃO DA ALMA

Está ali
Estava bem ali
Está aqui
Estava bem aqui
Do submerso ao imerso deflagras algo a ti
Humores e rumores, avante ao céu fluídico arco-íris
Natureza que ensina e acalma do natural ao artificial, peças do enigma
Nada de enigmático, quando clareza é clarão na alma
O insight que salta aos olhos e feito farol clarifica os sinais
Caminhos esplendidos aos caminhantes
Já te encontrastes aonde nada faz sentido
Já te reencontrastes onde tudo era sentido
Já te desencontrastes no sentido da ausência de sentidos tão presentes
Segundos, Minutos, Dias, Meses e Anos, tudo intenso e imerso
Frações que deflagras o que flagras nos atos
Dos esconderijos mais secretos aos espaços mais insanos
Sanidade quando tudo se dá na anormalidade
Anormalidade que representas a normalidade
Igual tão desigual que chega ser semelhante
Nada sei, quando tudo o que sei é o que acreditei saber
Dos ninhos mais nobres nos espaços mais sublimes
É para si o que és para mim
Mágica explicita na mutante sinergia que de cíclica reluz
Conexões são conexões, quando revela na interação a completude do que não se completa e por intensidade na sinergia nos fortalece
Por inteiro ser, a si e a ti agrega, expande, flui, por já ser completude
Que se dane, quando da desculpa tudo repudia a culpa
Cuida da alma, âmago aflora
De que importa o saber ou não saber
Medo de ficar, chegar, partir
Indignidade humana agoniza nas penumbras a vida
Coragem de seguir fluindo
Dignidade humana enaltece o sentir e intuir
Discernir da alma reluz o clarão da vida
Nos recônditos o amor clama genuíno por tamanha cura
O subentendido aflora a cada entardecer
Melancolia que nada tem de fugaz a cada noite emerge
No barulho do silêncio a inquietação sublime revisita o humano em ti
Se não tens tempo para sorrir e brincar com a criança que lhe puxa a roupa por atenção
Se não tens tempo para acariciar e atentar-se aos companheiros de estimação
Se não tens tempo para ver, observar e curtir os que estão próximos e distantes de ti
Se te ocupas tanto com tamanhas ocupações que não tens tempo para cuidar-se
Qual o valor do teu tempo, no seu valor?
Solidão estéril que flagela a cada instante por todo instante o âmago
Torna insuportável o estar só
Faz romper com o barulho externo os sons que no silencio quer significar o que está na alma
Sem tempo, consomes algo instantâneo que por ser instantâneo, teima em agonizar
Alma reluz e ilumina quando de tanto virar e revirar teu corpo adormece e teu espírito padece  
Solidão sábia e fecunda que enobrece corpo e alma
Como mensurar o preço?
Se imensurável é o preço, por ser VALOR...

Com ternura,
Fraterno Abraço,
Por Elaine Souza - em SP. 13/02/2012 - 12h20min

sexta-feira, 9 de março de 2012

Ser Mulher pra Você

Homem e Mulher, plena diversidade que converge nos papeis sociais a interação com as mais diversas áreas da vida. Para existir e multiplicar-se precisam um do outro, e de algum modo por todo modo, se completam. E dos papeis por que os encontros, desencontros e reencontros?
Retratos da incompreensão que carece da comunicação verdadeira?
Para quê concorrer, subestimar e ou superestimar um em detrimento do outro?
Para quê disputar o lugar que é o lugar do outro, se cada qual tem em si e em cada um, o seu próprio lugar no mundo e na vida?
Quanto aos papeis, sem pensar muito podemos destacar alguns, tais como:Filho (a), Irmão, Primo (a), Amigo (a), Estudante, Profissional, Namorado (a), Noivo (a), Cônjuge, Tio (a), Voluntário (a), Social, Familiar, Pessoal, Afetivo e etc. E algo interessante acontece que nos faz olhar além, e observar o principal papel de cada ser humano, de cada pessoa. Sim, o carro chefe. Qual seria? O que te salta aos olhos ao refletir sobre isso?
O papel HOMEM e MULHER! E na essência de corpo e alma ser ESPIRITUALMENTE HUMANO. Ora, contudo hoje desejamos focar no "Ser Mulher - Mulher de Verdade", sem desacreditar que por essência seja possível adaptar o contexto ao exercício do oficio “Ser Homem”.
Por vezes no emaranhando do cíclico processo do tornar-se “gente”, alguns papeis se escondem dentro do âmago ou nos escondemos fora dele. Reservas que preservam e ou deságuam na cachoeira represada.
Quanta beleza, quanta nobreza há na leveza que por sinergia revela a pureza...
Naturalidade ou artificialidade no exercício desse papel tão sublime e tão mágico “Ser Mulher”?
Modelos preconcebidos que se encaixam e desencaixam dentro e fora de nós...
Ondas serenas, ondas revoltas, que sejam, feito ondas por movimentos cíclicos se renovam, se transformam, vão e voltam, chegam e parte...
De tudo o que fica, é a essência. E como reconhecê-la?
Há quem escreva, estude, defenda, aborde, explore os aspectos do lado “dama” e do lado “cavalheiro” e que homem e mulher possuem ambos os lados feitos Yin-Yang, e tantos outros paralelos que se encontram e por vezes se desencontram.
No sentir intuímos alguns aspectos por nós consideramos mágicos, e por isso o emanar a todas as Mulheres o que inclui a nós, para recordações, reflexões, vivencias, experiências e abertura no campo dos sentimentos, pensamentos, intuições, sensações e ações.
Independente de crédulos, dos papeis, funções, cores, raças e de como vivencias a sua sexualidade, o sexo e afetividade, que salte aos olhos:
Firmeza com Brandura, Determinação com Doçura, Perseverança com Ternura, Sucesso com Auto-realização, Prosperidade com Comunhão, Autonomia com Socialização, Conservação com Amor, Compromisso com Liberdade, Relações com Empatia, Delicadeza com Clareza, Cautela com Pureza, Estilo com Autenticidade, Diversidade com Respeito, Cuidado com Compaixão, Movimento com Criatividade, Sedução com o Cuidar, Sensualidade com Naturalidade, Sexualidade com Generosidade, Conquistas com Temperança, Utilidade com Servir, Sensibilidade com Coragem, Mudança com Discernimento, Transformação com Serenidade, Tempestade com Sol, Estações com Natureza, contudo por maior que seja a diversidade, independente dos teus papeis e funções, exercer o seu papel e sendo sempre você Mulher.
Ser você mesma e não o que te dizem ser, tentam te condicionar a ser, ou deixas invadir o teu ser e fere tua alma. 
Com amor,
Por Elaine Souza – SP. 08/03/2012 – 15 horas em reflexões

TE DESEJO MULHER

Ser você mesma e não o que te dizem ser
Ser você mesma e não aquela que tentam ou te condicionam
Ser você mesma e não aquilo que deixas invadir o teu ser
Ser você mesma e não o que te fere a alma
Seja espírito e corpo
Seja espiritual e material
Permitas a ti experiências humanas e espirituais
Ser humano espiritual
Ah, Mulher quantas coisas desejo a ti
Sabes... Desejos são mais do que desejos, nesses casos...
São anseios por tua vocação Mulher
Que no exercício do teu papel possas Ser pra Você e para o Outro
Aconchego que acolhe
Fera que protege
Gruta que esconde
Água que transforma
Cume que revela
Ninho que liberta
Rio de Cachoeira
Oceano de Mar
Selva de Floresta
Praça de Bosque

Âmago de Jardim
Grandeza que aproxima
Sorriso que toca
Beijo que enlaça
Abraço que afaga
Mãos que acompanham
Olhar que fala
Pronúncia que diz
Encontro de alma
Reencontro de corpo
Templo de criação
Chama de vida
Luz de amor
Paixão que impulsiona
Fascínio que revigora
Beleza abstrata
Força com sensibilidade
Toque de doçura
Perfume com flores
Escolha que ilumina
Arco Iris com Unimultiplicidade
Mágica com sincronicidade
E sendo de Fogo, Água, Terra ou Ar
Que você seja Lua que possibilita eclipse Solar
Que você seja Sol que possibilita eclipse Lunar
Que nova, cheia, minguante e ou crescente, seja Mulher
Mulher que acalenta Pessoa
Mulher que dá, pede, recebe e distribui a extensão de si multiplicada
Mulher que reconhece e valoriza a hombridade do Ser Homem e ou Ser Mulher

Mulher que inclui e considera o outro
Mulher que de mil e uma utilidades, emana múltiplas possibilidades
Criativa que se completa com a exatidão do próximo
Desejo-te com tudo de bom o amor genuíno

Com amor,
Por Elaine Souza – SP. 08/03/2012– 15 horas em reflexões para 02h35min de 09/03/2012

Coração Saudoso

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