sábado, 3 de novembro de 2012

O BARULHO DO SILÊNCIO

A inquietação ensurdecedora invade corpo e alma
Insuportável se dá as paredes vazias de quadros e peças
Inaceitável se faz o vazio de gente por entre os cômodos e espaços da casa
Casa que não é Lar
Lar que de laços desfeitos se desfez
Sê é Lar não se desfaz?
Andas de um lado para o outro e não sai do lugar
Lugar em quê não andas não sai do teu andar
Olhar saltado que cabisbaixo desmancha em dor
Sem vozes
Sem palavras
Um apagão e o barulho se faz enlouquecedor
Sem, as costumeiras vozes que saem da companheira televisão...
Rádio, Internet, Aparelhos Eletrônicos tudo na inércia absoluta.
Sem abajur, sem luz...
E lá está você com você, sem você...
O que irradia algo de vida?
Instinto de vida e morte - se enfrentam...
O silêncio emite sons...
Sons que sutilmente intensamente começa a aumentar...
Barulho se faz, e é no silêncio do barulho, que você lá está.
E o que se dará?
Solidão inerte
Solidão fecunda
Solidão que desespera
Solidão que abranda e recupera
Refazer as energias e refazer-se
Desfazer-se no enlouquecer
Negar o que te abate
Ouvir o barulho do silêncio
Transformar o barulho em sons do silêncio
No som do silêncio, reconhecer o silêncio dos sons?
Retirante de ti, reencontrar a ti?
Sobrevivente sobrevivência, que reine o equilíbrio com vossa existência...
Conexões com a vida emergem a suplica do teu âmago, avante sempre avante...
Parado, andas
Barulho faça-se som
Barulho se faça luz
Barulho se transforme em inquietação produtiva
Inquietação produtiva se transforme em energia criativa
Energia criativa equilibre no viver, a existência harmônica com tudo o que é vida...
Instintos
Intuições
Sentimentos
Pensamentos
Sensações
Ações
O silêncio do barulho se apresenta, ao se reconhecer o que te faz fugir...
E ao encontro caminhas, ao encontro e reencontro de si mesmo...
O barulho do silencio de estéril, então se faz silêncio fecundo.

Com compaixão,
Elaine Souza
SP.03/11/2012 – 00h50min

A PRESENÇA DA AUSÊNCIA

A presença da ausência pode doer rasgar e até enlouquecer...
A presença da ausência se dá por vezes quando na saudade ou melancolia, sentimos e vivenciamos o reviver em outras frequências o já vivido e ou o esperado não vivido.
A presença da ausência, pode se dar de modo sutil e intenso, sublime e denso. Ora tão somente se impor a nós; feito tempestade que perdura por outras estações.
A presença da ausência é algo tão previsível, quanto imprevisível a nos desafiar.
Feito os ciclos da natureza, as quatro estações e os ciclos das marés que por vezes a nos desafiar, geram clareza, quando não, nos deixam atordoados.
Feito ciclo dos ventos nos deixam serenos e apaziguados, perturbados e amedrontados, claros e confusos, e, contudo naturalmente em ciclos.
Ciclos, que quando compreendidos na leveza, gratos nos tornamos.
Quando você partiu deixou algo de ti em mim, e o que será que levou de mim?
Será necessário considerar que levastes algo de mim?
Pretensão ou reconhecimento, o perceber assim?
Na mágica da interação o dar, pedir e receber, outrora simplesmente o compartilhar, onde nada se exige ou se impõe, acontece o viver “na vida” com vida a vida.
Perdas?
Ganhos?
Saudades!
Ah, essa presença da sua ausência que hoje toca-me a alma...
Não sei explicar ou mensurar, sei que faz parte do que é orgânico.
E por ser orgânico, se somos orgânicos no que será que nos transformamos?
Após a morte o que acontece?
Tudo se perde ou tudo se transforma?
É interessante sentir a presença da ausência. Talvez confuso por tão simples, afinal se está presente, não se faz ausente?
Então cá fiquei a pensar, sentir e refletir para comigo mesma, em outras presenças de ausências em vida. Falo daquilo que transcende a saudade de alguém ou de algo que completou o seu ciclo de vida no que conhecemos por vida e partiu.
Partiu para o fim ou para a continuidade, dependendo da crença de cada um. O que não é o propósito da reflexão nesse dia de finados. O propósito da pausa por ora é outro, que não desclassifica os demais propósitos de reflexão e pesquisa sobre Vida e Morte.
Hoje, é sim o de sentir a presença ausente do corpo físico e tão presente do espírito.
Tantos legados, tantas marcas, experiências, partilhas, compartilhamentos, cumplicidades na mágica vivência da tua passagem e existência em minha vida.
Trajetória de vida que na sua história de vida complementou e enriqueceu a minha.
Tantos seres queridos, admirados, amados e reconhecidamente meritórios no que tange ao enriquecimento e beleza da vida, da minha vida e na de outras pessoas.
Por ora quero por assim dizer, compartilhar tão somente o que toca em mim e transcende a qualquer intencionalidade ou sentido egoísta. Afinal como generalizar o sentido e significado de algo que nem sempre se dá de modo generalizado e igual a todos.
Posso amar um ser que por outros não é amado.
Posso reconhecer e considerar alguém de modo semelhante ou oposto a outros que com o mesmo convivem e ou conviveram.
Nem sempre temos o mesmo sentido de "significado e importância" nessa rica diversidade e melodia que é o viver com o conviver.
Caminhando ao encontro do respeito à integridade e dignidade humana no viver e sentir: gratidão, encantamento e ternura são o que hoje sinto, na passagem de pausa em que a presença da ausência me faz reviver e recordar a existência dos seres de elevada estima que deixaram saudades e legados.
Belos seres que da terra partiram, e, no entanto se faz contínua a presença da existência.
Portudo de bom, belo, terno, intenso e sublime na nossa interação.
Livre, livremente apegada desapegada, digo, Gratidão Ser e Seres Amados.
Se há dor, não de sofrimento ou negação, e sim de saudade...
Na leveza a saudade doida sutilmente nos liberta e conduz ao reencontro do melhor dos nossos encontros e despedidas.
 
Com ternura,
Elaine Souza
SP. 02/11/2012 – 23h50min

Coração Saudoso

Benji - 03 meses Benji 02 meses Benji 01 mês Benji 07 anos com a Pytuka Benji 10 anos com a Pytuka Benji 10 anos com a Pytuka Benji 02 meses...