quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

DO ÚTERO A TERRA

Por vezes podemos sentir dificuldades de compreender por que os outros transferem para nós ou para outros a responsabilidade e liberdade de vivenciar a aceitação e o amor, mendigando quando não, exigindo o sentir-se aceito e amado, ao mesmo tempo em que não consegue vivenciar a auto-aceitação e o auto-amor.
Pensamentos, sentimentos e ações repetitivas no ciclo vicioso de terceirizar o que não dá para terceirizar, aguçam uma fome desenfreada que por debilidade nem sempre se consegue explicar, compreender ou aceitar.
Refletindo sobre isso emerge a imagem do nosso desenvolvimento no útero materno e da  a ciência que vai descobrindo e se deleitando com o nosso processo formativo até o nascimento, e o nosso processo de desenvolvimento contínuo.
A fase dos primeiros passos, que de modo gradual vai revelando o auto-cuidado, a conservação, a manutenção, a socialização, a determinação e realização de nós mesmos, mesmo que ainda pequeninos, se faz alimentar pela curiosidade e criatividade.
No processo de desenvolvimento e aprendizagem encontramos para além da tentativa, erro e acerto, a cópia e imitação, não pelo mero desejo de nos tornarmos clones daqueles que nos inspiram, e sim tão somente, enquanto alavanca ao impulso do encontro de nós mesmos com o que somos, sentimos e intuímos.
Um mágico aprendizado se dá quando conseguimos reconhecer o que de fato somos por fazer sentido pra nós; e o que estamos sendo para encontrar o sentido de nós.
A imagem do útero, e do plantio a germinação, aguça-nos a percepção por esse compreender da distinção de cada ser e espécie, visualizando um algo mais para além das potencialidades, capacidades e experiências.
Como explicar o fato de num mesmo seio familiar os filhos advindos dos mesmos pais e da mesma educação, possam desfrutar da aprendizagem e revelar o aprendizado de modo por vezes tão diferente?
Como explicar a existência de seres que convivem num mesmo seio familiar ou em diferentes ambientes, possam ser tão semelhantes no jeito de ser, estar, se portar, sentir e se revelar?
O que diverge e o que converge em nós, de nós para com os outros?
Saber amar e aceitar exige também se amar e se aceitar. Já é sabido que o amor a si mesmo e o amor ao próximo de modo altruísta caminham juntos.
Embora algumas metáforas, histórias, estórias e crenças, associem humildade e altruísmo com o despir-se de toda riqueza, nobreza e materialidade; respeitando essa percepção, percebemos a sabedoria da ressalva para o não se levar as coisas tão ao pé da letra.  Uma vez que não faria sentindo a nós, radicalizar e desconsiderar o que nos revela a natureza, ao olharmos para toda sua diversidade de cores, formas, fontes, essência e espécies, é possível enxergar a perfeição da riqueza, da nobreza, do poder, da beleza e da simplicidade de modo harmonioso e sublime.
Sentimos que o universo é abundante e generoso, revelando nos seus mistérios a simplicidade e beleza da prosperidade, e que certas tendências ao radicalismo sejam para a fixação no material ou imaterial podem de algum modo estar ocultando necessidades de controle e poder sobre o outro, ou sobre si mesmo.
Do mesmo modo que se revela a sabedoria para com o amar a si mesmo, ao próximo e ao Todo, intuímos que exercitar o equilíbrio entre matéria e espírito de forma prospera e harmoniosa é um ato que requer sabedoria e discernimento e revela muito do que há de mais sagrado na vida.  
Mendigar amor, aceitação, consideração pode ser tão nocivo ao ser humano, quanto falsear a humildade propagando-se humilde tão somente por despir-se de tudo o que é material voluntariamente ou involuntariamente ou por ir ao encontro dos doentes.
Queremos aqui significar que o que define e distingue o orgulhoso, impiedoso e materialista, daquele que se revela com hombridade e generosidade não se limita a conta bancaria ou a ausência de míseros centavos no bolso.

Com ternura,
Por Elaine Souza – 11/12/2012 – 01h16min

Um comentário:

Cíntia da Silva Pereira disse...

Uau! Grandeza nas palavras!!! Permaneço um pouco pensativa, e até me faltam palavras exatas para definir o que o texto provocou em meu íntimo! na ausência de um bom comentário, posso revelar com simplicidade que as palavras decorativas de seu texto encontram-se com o movimento exitante que meu coração procura por vezes gritar e externar...

Forte Abraço! Gostei muito de Ler-te!

A Vida Pede Socorro

Me percebo impactada e emocionada com os abalos situacionais e toda destruição no Rio Grande do Sul e outros cantos do Planeta Terra. 🥲🫂 ...