terça-feira, 25 de maio de 2021

Sincronicidade - Reconhecendo Sinais nas Pérolas da Vida

Era madrugada e eu estava no plantão, o telefone silenciou, me deu um apagão de alguns minutos (...). Numa espécie de transe inexplicável, vi um vaso de flores do campo, eram amarelas e vermelhas. O vaso de flores, se movia numa esteira que andava em direção a uma porta e está abaixou. Eu continuava vendo o que acontecia do outro lado, o vaso espatifou, e as flores se espalharam. Senti uma imensa dor no meu peito. Voltei a mim, abri os olhos, passara-se coisa de 3 minutos eternos, que mais pareceram uma eternidade. E era uma dor descabida. Uma voz sussurrou “tudo passa, tudo passará, e até lá vamos viver, temos muito ainda por fazer”.

Um pouco assustada, tirei o telefone do gancho e vibrei. Me levantei e preparei um chá. Mais disposta, retomei o plantão. Final de plantão, de volta ao lar, banho quente, café da manhã num misto de suspensão no ar. O primeiro amigo, liga:

- Elaine como você está?

- Estou esquisita, coração apertado, uma angustia estranha e ao mesmo tempo uma leveza libertadora, não sei explicar, mas algo está acontecendo e eu posso sentir, tive um apagão no início da madrugada e vi uma imagem estranha, numa espécie de sonho real, um vaso de flores do campo, andando numa esteira, ele quebrou, as flores se espalharam no ar, não entendi o significado, mas consigo sentir, uma sensação forte de que algo está acontecendo.

- Você então não sabe?

- O que houve?

- RR, se foi.

Lágrimas aos pulos, coração aos gritos e uma força motora a nos guiar.

O dia foi de telefone tocando, com amigos querendo saber como eu estava. Sabiam que uma parte de mim havia partido. Dias difíceis, uma dor imensurável, e ao mesmo tempo uma doçura que se apresentava jaz no olhar, no que ali representava uma de minhas maiores perdas até os 21 anos e pouco de idade.

20 dias se passaram, somos acordadas por minha mãe aos gritos, acordem, acordem o avião está caindo. Todas nós nos levantamos assustadas, e a nos enrolar no cobertor saímos correndo, já na rua, olhamos para os lados. E percebo que meu irmão não está conosco, deficiente auditivo, não escutou os gritos da minha mãe. Volto pra casa e numa força estranha lanço o pé na porta do quarto dele e a arrebento, o puxo da cama. E ele sai. Olho para o lado, o Pity, cadê o Pity (meu cachorro filhote de São Bernardo), já com meu irmão na calçada volto, arrebento a coleira e tiro o Pity. Os vizinhos assustados puxam os carros, aquela espécie de fogo em larva como filme vindo na direção de nossas casas, uma de cada lado das guias. Chamem os Bombeiros, chamem os Bombeiros, tirem os carros, tirem os carros, peguem as mangueiras. Gritos assim todos acelerados e ao mesmo tempo. E então me lembro, meu deus a Da Helena. Como estará a Da Helena, saio correndo no meio da rua, em direção à rua de cima, precisava saber se ela estava bem, ela tinha perdido o filho a pouco tempo de uma das formas mais tristes de se perder alguém. Minha mãe gritava, Elaineeeeeee, e eu só pensava Da Helena. Cheguei e lá estava ela, com uma mangueira jogando água na calçada em Oração fervorosa, numa espécie de transe. Da Helena preciso saber se a senhora está bem, me dê um abraço vem. Seu olhar de mesmo, espasmo e luz, jamais esqueci. Finalmente os Bombeiros estão chegando, vou em direção a eles, no que podemos ajudar? O que devemos fazer?

- Arrumem sacos de lixo e leite.

Sacos de lixo e leite, é o que precisam, saímos a gritar e pedir por sacos de lixo e leite.

Retorno para perto de minha mãe e irmãos, as coisas parecem estar se ajeitando por ali na medida do possível, em pleno caos. Voltamos para dentro de casa, em nossa rua o fogo já passou. Preciso ir ver o que acontece na rua de cima, mãe. O que a senhora viu?

- Estava estendendo roupa, olhei pro céu vi um avião, ele bateu no mercadinho, e continuou vindo, parecia que em nossa direção filha.

- Está bem, vou ver o que tem lá.

Minha nossa senhora, o que era aquilo?

Entendi então a serventia dos sacos de lixo, que tristeza, que desespero.

As casas dos amigos vizinhos destruídas, e só saiam corpos, nada de vida. Até que emerge a cena mais linda, dos escombros da casa de Sônia, seu cachorro grandão, se chacoalha todo, e os Bombeiros batem palmas, todos batemos palmas juntos, segundos de um sorriso que simbolizava encontramos uma vida. O valor inestimável de alivio representada na vida daquele cachorro que sai dos escombros e se chacoalha.

Vi os destroços do avião no meio da rua paralela, quantas vidas, quantas casas. O que mais fazer por ali?

Algumas horas se passaram, e eram corpos, e mais corpos organizados em sacos d elixo na calçada. Meu Deus, o que queres de nós? O que é tudo isso?

Voltei pra casa, e precisava fazer algo com as mãos, eu precisava fazer algo. Já sei vou passar roupa.

- Filha, não dá para passar roupa, a gente não tem energia.

Vou lavar louça, não tem louça pra lavar. Vou tomar banho frio mesmo, isto dá.

Eu trabalhava no período da tarde, entrava as 13 horas. Me arrumei, pronta para o trabalho.

- Mas, você vai trabalhar hoje?

- Sim, preciso trabalhar, é preciso fazer algo, mãe.

- Filha, não vá.

- Eu preciso ir, preciso fazer algo, não consigo ficar aqui parada.

Pego o Metrô, meu deus do céu, que tortura, o falatório. Quanto comentário cruel e indiferente, meu deus do céu, chega logo na São Bento, preciso sair daqui.

Do que falam? Por que falam? Será que não sabem que quando se perde uma vida se faz minutos de silêncio, e quando se perde muitas vidas, horas de silêncio?

Aquela voz amiga, sussurra.

(...) Acalma, acalma, acalma, eles não sabem o que dizem... Respira, feche os olhos, já vai chegar na sua Estação.

Pensamentos vivos no âmago, saltam a mente.

(...) Mas como me acalmar? Será que é isso, então eles não percebem, que vidas se foram?

Literalmente, abaixei a cabeça e tapei os ouvidos, estava altamente irritada, com aquele falatório, com certo requinte de disputa para ver quem sabe mais do que aconteceu. E ali submersa em meus pensamentos, tendo vivido aquela situação surreal, que mais parecia coisa de cinema, porém foi vida real em fleches de dor, cenas de dor eterna.

Finalmente a minha Estação, ufa. Cheguei na Agência, Américo e Lena, mas por que você veio trabalhar? Lena, agradece por eu ter ido ver a Da Helena. Me abraçam, nos olhos, na fala e no afeto me acolhem. E me pedem pra voltar pra casa, me orientam que aquele, era um dia de necessário descanso. Era dia de voltar pra casa, e lá ficar.

Manhã, seguinte vou para o meu Plantão no Voluntariado, e lá chegando, estavam a postos, dois voluntários a me esperar, sem eu precisar pedir, um para me substituir e o outro para me levar de volta pra casa. Após abraços afetuosos, e a pergunta:

- Como você está hoje? Estávamos preocupados com você e sabemos que você mora por ali, conte nos, o que quiser.

Conto então do ocorrido. E no abraço e olhos maranhados dos amigos no propósito de vida, cujo alicerces regozijam na fraternidade, compreensão, cooperação e o crescimento interior para melhor ser e servir a sustentabilidade do amor genuíno, com a pureza da amizade.  

- Elaine, hoje é dia de você ficar em casa, assumiremos o seu plantão por aqui. E o Nilton te levará pra casa.

E mais uma vez, de volta pra casa.

Hoje acordei às 03 horas da manhã, escutei Vilarejo, Monte Castelo, me lembrei do Experimento da Mãe de Arame e da Mãe de Pano, escutei Daqui só se Leva o Amor, e entrou na sugestão sequencial, Música para Acampamentos da Legião Urbana. E comecei a fazer uma viagem ao tempo.

Pensei na amada Tina, e no sentido da vida. Saúde, cura e libertação Belo Ser, volta pra casa, és amada, confia.

Que saibamos proteger a todos nós e uns aos outros na frequência do amor e da amizade. Que saibamos ser amor hoje e sempre.

Amar aqui e agora tão naturalmente quanto respiramos, porque quando ninguém sabe o que acontece ou aconteceu, outros partem, outros chegam, alguns enlouquecem, alguns se perdem, alguns perdem a medida da maldade, e como ensinou aquele Belo Ser, que a tanto me inspira, enquanto não aprendermos a amar uns aos outros naturalmente, a violência continuará, a se representar através dos assaltos materiais e imateriais, das drogas, do álcool, das guerras e todos os desperdícios. Ama e serve, este é o caminho e o nosso caminhar. E “o Anjo mais Velho”, tanto falara da Parábola da Semente, e hoje ao ser despertada para escrever, abri o Pequeno Livro das Atitudes II, ao “acaso”, e adivinhe? Página 109 – Tome uma atitude PRODUTIVA, e a ilustração é uma pessoa lançando sementes. Gratidão Vida! Gratidão Universo! Gratidão Seres! Gratidão Pessoas!

Lembre-se nossas vidas são conexões, estamos conectados. Eu te vejo e você me vê, se quiser! Compaixão e ternura, mais doçura para acalmar dores. Continuamos podendo, acredite "mudar o mundo", nossa coragem esta em nós, abraça-se para o sol, abra a janela, e lembra que o caminho é a beleza na bela arte do aprender a conviver com todos os seres vivos, a natureza, a vida e o universo, harmoniosamente. E a harmonia esta na diversidade. Qual o seu AVATAR?

Luz e sentido, se dá para? 

Gratidão por tanta generosidade e temperança, que na brandura, acalma nossas dores, no acalmar as dores do nosso próximo. Acolhemos e somos acolhidos no conviver amoroso.

Achei interessante, esta volta ao tempo, e considerei que posso ter me lembrado de tudo isso por conta da Mobilização Social, e por conta da Mensagem por WhatsApp por parte da minha Xará, sobre um Live com a Temática “A Psicologia em Acidentes e Desastres Aéreos”, divulguei, embora não tenha podido apreciar pois for aniversário da minha mãe e decidimos passar o dia com ela. Depois vou verificar se ficou gravado. Enfim seja por que for, que seja amar na frequência do AMOR!

Pauso por aqui, vou caminhar um pouco!

Abraço Fraterno,

Com Amor,

Elaine

25052021 – 05:032

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Seres "Gremlins" - A Importância de Romper Ciclos

Ontem estava conversando com uma amiga, e ela fez uma “brincadeira”, que me levou a rever alguns trechos do filme “Gremlins”, e refletir sobre o tema. Embora a brincadeira, tenha sido bem engraçada, e rimos. Ao mesmo tempo se faz triste e desconexa, a constatação do dar espaço, para que cresçam e se multipliquem.

Afinal na percepção da conexão com algo universal para o sentido da nossa existência e espécie, se faz ninho com a pureza da bondade e da compaixão.
Que possamos ser solidários, fraternos e atentos, aos limites.
Na ética das relações a sabedoria do saber conviver de modo sustentável.
Ouvir e observar mais, para agir assertivamente.
Aprender que o maior poder está no “para” e no “com”, transcende o “sobre”.
Que chegue o dia em que as crianças aprendam ainda no ventre, nos berços e primeiros passos a se fazer ouvir, escutar, proteger de forma clara e audível.
Que chegue o dia em que os idosos aprendam a quebrar os silêncios introjetados, dissipar as amarguras e encontrar na doçura e ternura a mão que os proteja.
Que chegue o dia em que os incapazes sejam capazes de gritar por socorro e recebam abrigo e proteção.
Que chegue o dia em que pessoas de bem apoiem, e saibam apoiar com empatia e compaixão.
Que chegue o dia em que a dor e o sofrimento, não seja palco para sensacionalismo, e sim pontos de pausas profundas para revisão da nossa humanidade individual e coletiva.
Numa conexão com os Gremlins, “fofos, sedutores, meigos, doces, frágeis, envolventes e cativantes”, não podem com a Luz e a Água, e quando a gente olha um pouco mais (...), é possível enxergar a face real.
Na súplica o desejo para que saibamos cuidar dos olhos de ver e dos ouvidos de ouvir.
Agir assertivamente para cercear o ciclo vicioso, que sinaliza que eles se multiplicam, e se juntam, porque são da mesma espécie. Olhos de ver, potencializam o nosso observar quando o "vão se amontoando", encontra-se potencializado.
Se existe um "vão se juntando" e "se multiplicando", devorando uns aos outros e seus alvos, bagunçando tudo, na frenética diversão da desordem. É possível atuar na contramão no fluxo da corrente do bem.
Atuar no primeiro sinal. Afinal a história e a repetição dos ciclos nos ensinam, não é?
Você já notou, que quando se nega o que o sinal de alerta, aquilo que nosso sexto sentido aponta, na prática a densidade aumenta?
Quando a gente olha de novo, e de novo, e de novo, dado aquele difícil acreditar, que nos leva aos estágios da negação e fragmentação, os percebemos, como são: “horripilantes, asquerosos, agressivos, amargos, cruéis, desagradáveis, desarmoniosos”, e naturalmente uma personalidade e jeito diferente de funcionar, como se fossem outra espécie da nossa espécie humana.
Meu deus como não vi antes?
Quando se puxa o fio da meada, saem dos cantos e esconderijos, como num “déjà vu”, as coisas vão se conectando e ficamos mais receptivos aos sinais ofertados.
Por entre intervalos na escuridão, fleches de luz, sinalizam a existência de algo camuflado, diferente e estranho.
O som do silenciamento, aponta o silêncio que machuca.
Tudo fica claríssimo, e por mais que possamos nos mover para a negação daquilo que é, os fleches, continuam ali. E passamos a sentir na ressaca da maldade, aquilo que é raro, caro e belo, que ela teima em machucar e ofuscar.
No reflexo da Luz, a pureza da Água em sinergia com a velocidade necessária, para o estancar.
Qual o legado, do intuir, a sensação, no sentir, o pensar e agir, sincronizar os tempos para atuar a tempo de resguardar vida.
Integridade, na intensidade da leveza, possa abrandar o necessário transmutar e aprender a diferença entre silencio e silenciamento.
Saibamos sair da paralisação e agir! Sejamos “Água e Luz”.
Que possamos aprender a ler, ouvir e observar os sinais, e os gritos do silêncio em dor.
Proteger o incapaz e o capaz!
Compreender que o bem é maioria. Sim, o bem maior é infinitamente maior.
Como separar e discernir a beleza que é pó - da beleza que é ouro?
Dá o que pensar e refletir...
O que atrai – repele?
O que aproxima – distância?
Qual a lição no caos e na ordem? O que tudo isso ensina?
No Sistema validado pela minoria, assiste a Plateia que se faz maioria, o esbanjar dos poucos e o sofrer dos muitos. Até quando? Para quê? Para quando?
Esperar, agir, mover, pausar, esperar, seguir, fazer, trocar, mudar...
Qual o tempo? Que tempo?
Qual a intenção?
Tudo se mistura, nas diversas áreas da vida, e nas dimensões sociais, e seres “Gremlins” se multiplicam e se espalham, contudo, ainda assim o bem é maior.
Pessoas de bem, seres do bem, lembrar que a autonomia, consiste na liberdade e responsabilidade para com a arte do cuidar e nutrir uns aos outros com vida e harmonia.
Ao invés de alimentar o silenciamento e a maldade estrutural, saibamos representar e cultivar o diálogo e a bondade sistêmica.
Desperta, desperta, no despertar da nossa humanidade espiritual, saibamos que na sabedoria das massas expande a complexa força da simplicidade.
Que aquilo que nos choca e vira de ponta cabeça, enquanto pessoa e sociedade, possa servir a mobilização social e espiritual para a além da transmutação e da transcendência.
Saibamos mitigar riscos, e potencializar bases sólidas no amor genuíno.
Sejamos instrumentos para práticas mitigadoras que rompem os ciclos viciosos.
Em reflexão,
Elaine Souza
SP. 15Abr2021 – 22:38

Coração Saudoso

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