terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Benji Amigão

Posso dizer que hoje é um dia triste?

Um dia estranho?

Um dia diferente?

Um dia de nostalgia?

Um dia de gratidão?

Rogerio me chamou a atenção:

- Você não deveria ter falado no trabalho o motivo da sua saída, nem todas as pessoas entendem isso.

- Sim, mas eu falei. Me sinto triste e hoje minha prioridade é estar aqui. Não sei o que fazer ou o que é o melhor a fazer. Apenas sei que é aqui que quero estar.

A psicologia explica que quando experiências passadas não são resolvidas podemos viver situações presentes com as mesmas emoções e sentimentos do passado, como se fossem a mesma coisa. É interessante que me lembrei do Pytu e felizmente os sentimentos e emoções foram diferentes. Não senti raiva e indignação com dor e tristeza. Senti desalento, saudade, dor, gratidão e tristeza.  

São tantas guerras, tantas dores, tanta fome e tanta maldade.

São tantos momentos de pacificação, alívio, fartura e tanta bondade.

Em nossa dualidade existencial fico a refletir sobre a música “Índios” que possamos ver o mundo curado ou ao menos os sintomas da cura do mundo.

 Índios

Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha

Quem me dera ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano de chão
De linho nobre e pura seda

Quem me dera ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente

Quem me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer

Quem me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente

Quem me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do iní­cio ao fim

E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi

Quem me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes

Quem me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado

Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente

Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim

E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui

Compositores: Renato Junior Manfredini

Legião Urbana

Certamente um dia em que tudo o que eu quero para o momento presente é ficar na minha, na companhia da Legião Urbana, do caderno e da caneta. Me lembrei do Pytu que não consegui me despedir e, senti alívio por ter sido diferente contigo Benji. 

Gratidão Vida, Morte e Universo por conseguir me despedir do Benji.

Veio como um filme o nosso primeiro encontro  

Eu estava dormindo, senti algo sobre o meu peito e, escutei o Rogerio dizer:

- Qual dos dois você quer?

Abri os olhos e você encostou seu focinho gelado no meu nariz. Logo respondi “este”. Afinal eu te escolhi ou você me escolheu?

Foi uma delícia ser acordada naquela manhã com dois filhotes de Ilhasa Apso no meu peito. E como resistir ao focinho gelado no meu nariz. E depois de dizer este, de quebra já ganhar uma primeira lambida no nariz? É correr para o abraço e o conviver no afeto!

Contigo vivenciei experiências incríveis. Compartilhei infinitos e inesquecíveis momentos de alegria, contentamento, beleza, realização, encantamento e prazer. Também de melancolia e de tristeza, por que não? Afinal fostes companheiro para toda obra. Viajamos juntos, curtimos juntos. Envelhecemos juntos!

De pega-pega com patos e avestruz -, ao rolar na grama. Para o pega-pega com tua Cia (Pytuca, Cristal, Duda, Juninho* (Benji Júnior*) e Mel).

Sim, 07 anos depois chegou a Pytuca para a sua felicidade. E após 03 anos vocês resolveram procriar e trazer a Terra – Cristal, Duda, Juninho (Benji Júnior) e Mel. Diversão garantida e muita observação sobre o seu re-tornar-se a ser filhote. Afinal você aprontou e voltou a fazer artes com ela e depois com os filhotes. Admirável Benji, a tua generosidade para compartilhar. Era incrível observar o seu desapego e abertura de espaço com a chegada da Pytuca, ela podia pegar tudo o que era teu e você ficava de boa, brincava e se divertia. E o mesmo se deu com os seus filhotes. Grata por tanto e tudo!

As fichas não caíram por ora, porém sei que vão cair em algum momento.

Gratidão por ter nos dado um tempo maior contigo!

Confesso que não sabia exatamente o que fazer hoje e, como proceder. E ao ver o Rogerio aos prantos e dizendo que era o melhor a ser feito, somado ao parecer da Veterinária e, você sem poder me sinalizar o que seria o melhor para você. Te pedi sinais... Fiquei na dúvida se era melhor esperar os três dias à espera de outro milagre ou te ver partir em vida. Você nos deu um milagre em julho do ano passado para surpresa da ciência e de todos. E logo tive a oportunidade de te apreciar voltando a correr e brincar de pega-pega com a Cia e no Pet.

(...), mas ela disse que desta vez é diferente e que tudo já estava parando e que iria só piorar e você sofrer mais e mais. Espero e vibro para ter sido o melhor para você de fato. Eu fico dívida porque acredito que a vida sabe o momento de chegar e a morte também em toda a sua sabedoria cíclica. Só não sei ao certo neste momento se a vida e a morte sabem o jeito certo de assentar quando é decidida por terceiros.

Emerge aquela dúvida:

- Quem sou eu para decidir sobre a vida de algo ou de outrem?   

Mesmo que seja um cão!

Do mesmo modo que senti e pensei:

- Quem sou eu para tirar os filhos de uma mãe ou de um pai? Mesmo que seja uma cachorra e um cachorro!

A sensação é a mesma, sabe Benji! Fico na dúvida se era o que você queria. E quando o Rogerio disse “pelo amor de deus se eu ficar assim pode desligar tudo, ninguém merece ficar assim”. Ele já se foi – e eu ainda te via ali. Fiquei bem dividida em dizer sim ou dizer não para sua eutanásia.  Nem sempre sei o que fazer, então eu choro. Choro quando sei ou não sei, se algo me toca o âmago e emociona o corpo e a alma.     

Fiquei contigo até o último momento. Sua tentativa e busca por ar foi cessando e pausou tudo. Os olhos continuaram abertos. Foi suave e intensamente triste.

Ela disse: - ele já foi.

Mas parecia que você ainda estava ali de algum modo. Gratidão por tudo amor!

Gratidão por tua existência e, presença tão presente!

Quando entramos no carro para voltar para o nosso lar sem você, o Rogerio desabava mais um pouco de uma forma inédita e no rádio tocava:

O Teatro dos Vampiros

Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
E destes dias tão estranhos
Fica poeira se escondendo pelos cantos
Este é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance

Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres, nós não estamos
Vamos sair mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas

Vamos lá, tudo bem eu só quero me divertir
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
Esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar

Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço

A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Vamos sair mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás

E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas
Vamos lá, tudo bem eu só quero me divertir
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém

Compositores: Eduardo Dutra Villa Lobos / Marcelo Augusto Bonfa / Renato Manfredini Junior

Legião Urbana

Benji, a turminha por aqui deve saber que você partiu! Quando chegamos não houve festa, nem latidos, chegaram perto em silêncio, me sentei no sofá, e vieram atrás Pytuka, Cristal e Mel sem festa. Deitaram-se no meu colo e por ali ficaram. O Juninho me olhou de longe chegou perto, pediu colo e depois saiu. A Duda nem se mexeu ficou de longe recolhida. Engraçado a Duda era a que mais te enfrentava né “amigão” era interessante observar a relação de vocês dois e de todos (risos com lágrimas salgadas). Ao me levantar depois de dar um tempo, foram repousar. Estão por aqui “cada um na sua” enquanto te escrevo e ouço Legião Urbana.

Interessante mágica!

A vida tem seus presentes – presentes. Chamei o 99 abri a porta aos prantos para me preparar para sair e aguardar na Recepção e, a Adri estava na porta. Ela me levou até você, amigão! Gratidão Grandes Amigos Protetores Espirituais pela proteção e este presente também!  

Vou descansar um pouco, quem sabe mais tarde te encontro nos meus sonhos!

Abraço grande, forte e sereno!

Com amor,

Elaine



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