terça-feira, 8 de novembro de 2011

Reconhecimento X Elogio

Ao longo da vida e das experiências pessoais, fui aprendendo e descobrindo novos horizontes no campo do reconhecimento e do elogio. E de algum modo mediante a essas, fui desenvolvendo certa distinção entre o reconhecimento e o elogio.
Sinto que o reconhecimento é algo intenso e ao mesmo tempo sutil. É profundo e fecundo, claro e arraigado na empatia, e essencialmente intrínseco a mérito. Independente da ordem ou do sentido ele é sempre natural e orgânico, inspirando lealdade.
Associo reconhecimento à constatação e consideração de potencialidades e capacidades, realização, “concretude material ou imaterial”, o estado ou estágio, a entrega, o envolvimento e comprometimento: “de si, do outro, de algo, de alguma coisa” e etc., no sentido do que “foi”, “é”, “esta” ou “poderá ser”.
É a capacidade de reconhecer os resultados e os processos percorridos com isenção de partidarismo ou afinidade, digo: “o que é”, “o que significa” e “o que se quer significar”. É a competência de considerar e aceitar os fatos, a sabedoria do encontro do pêndulo “ideal e real”, o discernimento da integridade da vida, das pessoas e das coisas.
Traduzindo para exemplos práticos, dependendo dos valores pessoais, sociais, coletivos ou institucionais, resultados e processos precisam estar sincronizados e caminhar juntos; ou um é mais importante que o outro; ou são vistos com distinção, porém de igual importância.  Assim poderíamos observar duas situações:
Situação A: Um trabalho pode ser “bem feito” e apresentar “excelentes resultados”. E de algum modo ter no aspecto processo e valor empregado premissas e princípios questionáveis (respeito à diversidade, respeito à equipe, moral, ética, convivência, hombridade, honestidade, lealdade e etc.), o que pode fazer cair por terra à percepção inicial e/ou potencializar novos horizontes de revisão e reflexão.
Situação B: Um trabalho pode ser “mal feito” e apresentar “resultados medianos ou medíocres”, e de algum modo ter no aspecto processo e valor empregado premissas e princípios arraigados na clareza, esforço, honestidade, ética, dedicação, espírito de equipe, dar o melhor de si, o que pode fazer cair por terra à percepção inicial, bem como potencializar novos horizontes e percepções, tais como: desenvolvimento de competências, maior apoio, acompanhamento, capacitação e etc.
Se na situação A se renega o fator processo isso poderá ter um custo alto no decorrer do tempo. Se na situação B, se elogia e se enaltece o trabalho por conta da qualidade do processo, isso também poderá ter um custo alto no decorrer do tempo.

E em ambos os casos poderemos sem querer ou perceber, até mesmo estar tolhendo a capacidade de desenvolvimento, criatividade, revisão e atualização das pessoas, equipes, grupos, e instituições.  Daí a importância de perceber que reconhecer é também equilibrar: estágios, processos, estados, fases e seus resultados.
Assim nas situações A e B, reconhecer é também discernir o resultado do processo, nesses casos em especifico. Na situação A, o resultado foi excelente e o processo precisa ser revisto, para que o resultado seja de fato fidedigno. Na situação B o processo foi excelente e o resultado precisa ser revisto para se aprimorar.
Transcende o fator “gostar” ou “não gostar” de algo ou alguém quando o sentido do reconhecer esta para o “considerar” - “o que é” ou “como é” ou “como esta”, e aceitar a diversidade. Reconhecer, por exemplo, que eu não gosto de jiló e há quem goste, é bem diferente de dizer que jiló é ruim ou que ninguém gosta de jiló.
Eu posso não ter afinidades com determinada pessoa ou grupo, ora, contudo isso não significa deixar de reconhecer seus valores, virtudes, um trabalho ou resultado. Eu posso freqüentar determinada doutrina e reconhecer que existem outras.
Eu posso gostar de saia longa, e reconhecer que existe saia curta, média e mine e quem goste de cada estilo.
Eu posso ser da oposição e ter maturidade para considerar um projeto enquanto bom ou excelente em prol do coletivo quer seja no aspecto técnico ou gerencial, independente de sua origem partidária, meus interesses e preferências pessoais, ideológica ou políticas.
Já o elogio está associado a outros aspectos e valores, e pode se dá mesmo sem “fundamento lógico”, “sem sentido”, “desproporcional” ou sem “mérito”. Enquanto o reconhecimento requer o natural, o elogio pode ser superficial, artificial ou supérfluo. Ele pode ser prazeroso e equilibrado, ou desconfortante e desequilibrado na dose. Pode estar condicionado a fazer para agradar, ser aprovado, aceito ou querido. Pode estar condicionado ao interesse consciente ou inconsciente para fisgar algo ou alguém.
Na vivencia e convivência, fui descobrindo que o elogio para além do aspecto da aprovação e reprovação, esta arraigado muitas vezes nas relações materiais de ganhos e perdas, de propriedade e posse.
Quanto maior o espaço e nível de carência e baixa estima, e maior a habilidade do outro oferecer a quem está faminto ou com fome, o alimento do elogio na dose certa, maior o grau de co-dependência, e trocas “mal” feitas. E digo “mal” feitas, porque a conta fica alta com o passar do tempo, podendo gerar frustrações, arrombo e assombros inesperados.
Quanto mais vamos amadurecendo e atingindo a maturidade interior, mais nos defrontamos com o interesse, a troca e dependências.
Salta-nos aos olhos descobrir o lado nocivo do elogio condicionado, quando num momento de surto ou lucidez o outro se vê no direito de nos apresentar uma conta impagável por cada suposto elogio / agrado, daí a percepção da armadilha a ser desarmada.
Qual o preço? O que se paga? O que se deve? O que se pode pagar? O que se quer pagar?
O elogio poderá ser massagem no ego e fazer bem, ser dado e recebido por desprendimento. Poderá estar ligado à: simpatia, antipatia, desejo, inveja, cobiça, vaidade, encanto, admiração. Ora, contudo sempre esbarra no aprovar ou reprovar, aproximar ou distanciar, provocar ou se fazer presente.  
Reconhecimento é diferente de elogio. Reconhecimento se conecta de algum modo a empatia e alimenta a interdependência.
Elogio se conecta a simpatia e alimenta a dependência.
Reconhecimento liberta e impulsiona para: agir, ser e estar.
Reconhecimento considera e enxerga potencialidades e capacidades, não aprova ou reprova.
Elogio aprova ou reprova. Pode gerar dependências, além de ser uma bela ferramenta de manipulação, mediante a enorme necessidade humana de aprovação, aceitação e de reconhecimento existencial.
Elogio pode ser uma ótima forma de manipulação porque torna o receptor um agente devedor e faminto, que cada vez mais, faz para agradar mais, e receber mais elogios. Assim como pode ser para o emissor, que ao perceber que o elogio cativa a simpatia do outro, o faz mesmo sem merecimento só para agradar e ser aceito, daí o efeito da co-dependência. Se existe um manipulador é porque existe outro manipulável.
O elogio pode gerar uma divida emocional na qual quanto maior a necessidade de aprovação e estima maior o grau de dependência e possibilidades de ser manipulado ou manipulável via elogios aprovação / reprovação.
O reconhecimento não gera créditos ou débitos, nem divida emocional porque quem reconhece, não esta fazendo nada além de considerar, aceitar e enxergar o que é; e como o faz com e por empatia e percepção aguçada, não há condicionamento ou pressupostos. E quem é reconhecido, consciente ou inconscientemente sabe disso, e assim não se sente no dever de exercer falsa modéstia ou mesmo assinar uma fatura em branco...
Reconheça mais, elogie menos, e gente se cativa mais!
Enfim reflexões: Reconhecimento e Elogio são a mesma coisa pra você? Faz algum sentido o que compartilho? O meu sentir, toca com sentido no teu modo de sentir?
Fraterno abraço,
Por reflexão - Elaine Souza – SP. 08/11/2011 – 12h01min

Um comentário:

Anônimo disse...

fazendo um elogio puro e franco, reconhecendo realmente o outro, é a formula perfeita para a compreenção.

Coração Saudoso

Benji - 03 meses Benji 02 meses Benji 01 mês Benji 07 anos com a Pytuka Benji 10 anos com a Pytuka Benji 10 anos com a Pytuka Benji 02 meses...