Aos 22 anos de idade tomei um baita susto, e o susto foi tão grande, que me deixou em estado de choque por dias, semanas e meses, ao descobrir diante a uma vivencia pessoal que nem todo mundo gosta de descobrir-se e curte autoconhecimento, o ver, perceber e enxergar-se, trabalhar suas mazelas, degustar suas virtudes, aceitar e transmutar seus vícios...
A mim algo tão mágico, como poderia ser a outro repelente e indigesto?
Daí a descoberta da diversidade e similaridade no mais profundo de seus sentidos na vida, e espécie humana.
A amplitude da percepção que a natureza como sempre tão sábia produz e gera: formas, cores, gestos, tons, sons, aromas, estações, graus, ciclos e sabores para todos os gostos.
E passada mais de uma década dessa mágica descoberta, vira e mexe ainda me flagro equivocadamente acreditando que o outro deseja ou busca seu autoconhecimento.
Constatar que todos querem quando querem, e não quando eu quero ou só porque eu quero, por vezes é assombroso, e dói, porém é sempre mágico.
Intuir e sentir são também movimentos cíclicos no reconhecer o sentido do que não faz sentido pra nós, mas faz para o outro.
Degustar e ver sentido é que é mágico.
Um desejo? Que possamos sempre nos desprender de nós mesmos e dos nossos juízos de valores para melhor compreender o outro com empatia, sabendo que isso não nos torna o outro, e sim simplesmente espiritualmente mais humano.
Um anseio? Que cada um no seu tempo e por sua vontade, com as oportunidades ofertadas via dádiva da vida, possa vivenciar e degustar a auto-aceitação e o auto-amor, e descubra em si sua vocação para amar e ser amado com o amor que é orgânico.
Uma sabedoria? Olhar o Outro, ciente de que o Meu Olhar, com Seu Olhar, e o Olhar do Outro, não traduzem, definem ou limitam necessariamente quem ele é. Assim:
Que no olhar, haja ternura
Que na ternura haja empatia
Que na empatia haja o movimento de degustar o prazer de ir ao encontro do outro
Ao invés de ir de encontro ao outro.
Meigo abraço,
Elaine Souza
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