domingo, 6 de novembro de 2011

Medo

Sinto que o medo esta enraizado nas esferas instintivas do nosso ser e da vida que nos impulsiona para um continuo avançar e recuar, seguir e aguardar, correr e caminhar...
Medo saudável quando apenas nos aspira e inspira: calma, cautela, serenidade, prudência, zelo, cuidado...
Medo saudável quando inquieta e abranda o nosso agir. Exigindo um maior tempo de pausa, estudo, reflexão e meditação, para a mutação e evolução...
Medo saudável quando emerge de nós, na tentativa de sinalizar que precisamos nos preparar e nos fortalecer
Medo nocivo quando se enraíza nas supostas: posses, sensações, sentimentos e pensamentos de propriedade. O que faz emergir a insegurança e o estado de alerta para defesa de território
Medo nocivo quando aciona sentimentos de ameaça a nossa integridade física, psicológica ou moral e que quando melhor observados se traduzem enquanto infundados, porém persistimos nesse estado.
O medo pode se inspirar na sensação de ameaça ao que não se quer alterar, preparando-nos para a luta e resistência ou fuga da mudança...
O medo pode revestir o sentimento de perda que inspira outros sentimentos defensivos e instintivos...
Enquanto seres orgânicos nossos sentimentos e sensações podem acelerar o funcionamento do nosso corpo físico, aguçando o instinto de sobrevivência, manutenção e conservação de si ou da espécie.
Quando camuflamos a insegurança gerada pelo medo, negando as sensações que estão sendo sinalizadas, por de algum modo pensar que o mesmo nos soa desproporcional aos fatos, passamos a disfarçar sua origem e real causa.
O disfarce do medo renega o necessário trabalho interior de aceitação e compreensão da causa e efeito, o que pode reforçar e amplificar caminhando ao encontro de maiores proporções. E sem nos darmos conta logo emerge aparentemente sem razões ou porque o descontrole do medo.
Assim o medo excessivo poderá se transformar em pânico, pavor, temor ou fobia, usando de subterfúgios que nos “protege” de sentir e ver a causa real.
Saudável é permitir-se o sentir, experenciar, perceber e vivenciar os ciclos da vida de modo a aceitar, compreender, considerar e confiar no processo natural de nossa evolução, sabendo o momento de apegar-se e desapegar-se.
Compreender que o outro nos complementa e interage conosco, porém não é uma extensão ou parte do nosso ser.
Compreender que as coisas e situações que nos satisfazem, estão no contexto  do nosso cotidiano e vida, porém não são a nossa vida.
Compreender que os outros seres, as outras pessoas, os animais de estimação, a natureza e o universo, estão conectados a nós, nos complementam e interagem conosco, aceitando que a independência pode ser tão nociva quanto à dependência, uma vez que somos seres interdependentes e conectados, e que isso nos liberta e liberta a todos, ao invés de aprisionar, contribui para a transmutação dos sentimentos e necessidades de posse.
A vida se dá em ciclos, descobrir e aceitar que nós somos parte desses ciclos, nos possibilita viver em sincronia com a riqueza do nosso mundo interior.
Sê observamos também poderemos degustar em nós a descoberta do nosso verão, outono, inverno e primavera. Nossos eclipses solares e lunares, nossas neblinas, nosso céu nublado e estrelado.
Os dias e momentos em que sem explicações estamos mais abertos ou mais fechados. Momentos em que estamos consciente ou inconscientemente mais revoltos e agimos ou interagimos feito vulcão em erupção, tisunami, terremoto, maremoto, raios, relâmpagos, trovões. Momentos em que estamos consciente ou inconscientemente mais calmos e agimos ou interagimos feito a beleza da primavera, as tardes de invernos, o por do sol do outono, o nascer do sol de verão, o desabrochar de lótus, o mistério da metamorfose da borboleta, a delicadeza da joaninha.
Reconhecer em nós o azedo e o doce, o intenso e o suave, o denso e o leve, a vaidade e a humildade, o orgulho e a simplicidade, o medo e a coragem, nos liberta para apreciar as sensações e os sentimentos, sem nos preocuparmos em enquadrá-los enquanto certo ou errado, adequado ou inadequado.
Interagir com nossas inteligências buscando sincronizar o que é instinto com o que é emocional; o que é racional com o que é intuitivo, descobrindo a mágica que se dá em nós quando conseguimos aceitar, apreciar e degustar os fatores condicionantes do nosso desenvolvimento traduzidos pelas funções: pensamento, sentimento, sensação e intuição.
Medo? Faz parte e é bom quando nos impulsiona, quando nos sinaliza limites, que não se traduzem em limitações.
Medo? Faz parte e é ruído no nosso equipamento psíquico, quando transforma limites em limitações, limitando a nossa interação conosco, com o outro, com a vida e com o universo.
Excesso pode ser lapidado, transformado e equilibrado ao se aproximar dos fatos aceitando, compreendendo e respeitando suas motivações e origens.
Agir e interagir com consideração incondicional e empatia para conosco e nossas próprias manifestações nos proporcionando o autoconhecimento e o amor por si mesmo, amplifica nossa capacidade de aceitar, conviver e amar ao próximo.
Coragem e força serena podem ser grandes aliadas para com a sabedoria do medo, tornando-o um aliado ao nosso instinto de preservação livre do extremismo ou obsessões.  
Com ternura,
Abraço fraterno,
Elaine Souza

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