segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Desconsideração do Outro - Nosso Olhar

Já no segundo cenário, que aqui chamo de “a mágica das aparentes desconexões em insight” é quando me deparo numa luta interior, no estado de negação ou falsa consideração do outro, de algo, alguma coisa ou situação.
O estado de negação ou falsa consideração que aqui queremos significar poderíamos também chamar de distorção da realidade. E que se revela na minha relação e inter-relação com pessoas, coisas e situações que por alguma razão consciente ou inconsciente me soam ou são indigestas, ameaçadoras a “harmonia” e fluidez do meu sistema de valores, as zonas de segurança e conforto.
Na prática se traduzem em atitudes e comportamentos que acionam meus campos internos defensivos, que imediatamente passam a produzir e reproduzir a então “momentânea - necessária” distorção do outro ou da situação para que possam melhor se enquadrar e se encaixar ao meu sistema. E em alguns casos definitivamente serem repelidos enquanto ameaça de alta vulnerabilidade, fadada a eterna quarentena; até que se crie o antivírus potente a sua neutralização, transmutação ou destruição.
Elucidando de forma consciente ou não, se esse estado se torna dormente e ao mesmo tempo intensamente latente por muito tempo, a sintropia e entropia, vivenciam o deleite da interação antagônica. E no estado de ambivalência se revela “o quê”, “a quê”, “a quem”, “com quem” e “porquê” nos defrontamos.
Emerge o confronto do duelo interior e exterior, dificultando ainda mais o próprio discernir, quando nos perdemos das razões sem razões, das realidades fora da realidade, das verdades sem verdade.
Você já se deparou sem sentido na ausência de sentido, relutância ou conflito?
Quando já não sabemos “porquê”, “por quem”, “com quem” ou “com o quê” estamos brigando, se revela a suspensão, o estar emperrado, no ar sem asas.
A até então ingênua, inofensiva, sábia, e temporária forma defensiva de auto-proteção, para melhor lidar consigo, com o outro e com a situação, pode vir a se revelar em algo nocivo a nós, ao outro e a situação. E quanto maior a distorção, maior será o seu efeito avassalador.
Na prática vivencial, explicito enquanto exemplo prático as situações e pessoas, em que ao me relacionar direta ou indiretamente, imediatamente atuou a minha inteligência instintiva, disfarçada de inteligência intelectual ou emocional.
Revelando-se e revelando-me na própria tentativa ou ação efetiva de modificar ou camuflar os legítimos mapas e seus territórios, o outro, a mim e a nós nesse cenário e em todo o seu contexto, sem me dar conta desse processo, ou mesmo no movimento de renegar sua negação, de forma pretensiosa, equivocadamente crendo-me benevolente.
Os mecanismos defensivos internos são tão sábios, que conseguem produzir certa névoa, para encobrir o descoberto, e cobrir o encoberto. Em meio às justificativas de que se trata de aceitação, quando na verdade até então modificamos a realidade enquanto estamos negando o jeito de ser e estar do outro, distorcemos os fatos, situações e pessoas, para aceitar a verdade criada enquanto verdadeira a nós, numa tentativa desesperadora de tornar mais fácil a digestão do que ressoa ou soa indigesto.
O comportamento e a atitude de negação, falsa consideração ou distorção, encobrem e deixam mais belo o nosso quadro referencial do politicamente nobre e correto, quando na prática estamos é por desconsiderar “o que é”, “o que esta”, “como é”.
Sempre que tentamos misturar ou modificar as cores do quadro, inserir novos temas ou objetos ao cenário, traçar novas linhas na planta, indicar novos trajetos ao percurso do outro, aos mapas, cenários e personagens, sem sermos solicitados, convidados, e ou mesmo que sejamos tentados a isso;  por mais generosos e bem intencionados, superiores, humildes ou sutis que sejamos ou tenhamos a pretensão de ser; na prática estamos aspirando à desconsideração do outro, da situação e dos fatos.
Negamos e ignoramos a capacidade, potencialidade, força, coragem e inteligência do outro, na tentativa de sonegar e tornar a nós mais suave o que nos é ou está mais indigesto.
Em suma sinto que embora tenhamos no discurso e na justificativa superficial do sentir racional, que estamos preocupados e pensando no outro ou na situação, há divergências e outros interesses nesse contexto.
Será que somos tão isentos e generosos que estamos a pensar somente no outro e na situação, e é isso mesmo que nos inspira?
Será que estamos preocupados, em não abalar ou no mínimo diminuir os abalos interiores ao nosso sistema, inspirados na preocupação e segurança da nossa imagem, dos nossos papeis e da nossa própria auto-imagem. 
Mediante a esse segundo cenário, se revela ao invés do estado contemplativo, o estar submerso na desconsideração da existência do diferente, da diversidade, do outro, e do jeito de ser diferente, do nosso ser diferente “certo”.
Referimo-nos aqui a desconsideração, por observarmos e constatarmos que sempre que “me flagro” nessa freqüência, algum compartimento “meu” armou ou acionou a armadilha do “jeito certo” e do “jeito certo de ser diferente”. Logo lá estão eles armados, armando a armadilha. Sim à diversidade, dos códigos de acesso se articulam automaticamente para as defesas internas, sinalizando os limites e confundindo-os com limitações.
É interessante porque é possível ler belas críticas, fortes posicionamentos, belos textos, sérios artigos, pesquisas cientificas sobre o respeito à diversidade, a necessária compreensão e respeito à diversidade, gêneros, raças, crédulos, culturas, crenças, rituais, porém na hora “H”, como bate pra você, pra mim, e pra cada um de nós, a vivência atitudinal?
De algum modo, sinto que quanto maior a distância entre os extremos, quanto mais intenso o radicalismo, maior a força e presença da ambivalência, e mais intenso os sentimentos prementes, suas incongruências e incoerências.
Com ternura,
Reflexões por Elaine Souza - SP.21/11/2011 - 00h55min

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