Sempre que ouço a expressão "Zona de Conforto", ou mesmo me flagro
a pensar sobre começo a pensar o quanto pode ser desconfortável o conforto da
zona de conforto, o que ser quer significar com a expressão "saia da zona de conforto" por vezes se entendida no sentido literal da acomodação, poder ser considerado fases de mutação. Já se compreendida
enquanto áreas em que nos sentimos seguros e no controle, independentemente de
ser ilusório, acaba por gerar sensações de bem estar, segurança e aconchego, que mesmo imutável, se encontra nas interfaces da mutação.
Como dizer que é uma zona de conforto?
Afinal o que é zona de conforto?
Qual a diferença entre zona de conforto e zona de
acomodação?
Haveria diferença?
Saber-se acomodado ou incomodado seria algum
sinal?
Estar na máscara ou na nossa voz genuína pode sinalizar
algo além?
A inércia produtiva pode significar que tudo está
em movimento embora aparentemente em tempos de pausa.
Uma produção em série “massificada” pode significar
algo improdutivo para uns, enquanto para outros repercutir em algo necessário,
Popularmente chamamos de zona de conforto, algo que
nos deixa confortável ou no mínimo mais seguros e à vontade.
Poderíamos nomear de confortável, seguro ou de
estar à vontade, a sensação de controle, poder e domínio, mesmo que fantasiosa
a sensação de que o controle sobre algo, alguém ou alguma situação está nas
nossas mãos?
A sabedoria do libertar-se e libertar os outros do desejo
de domínio e poder sobre, para fluir no poder com e pleno cocriar.
Do que afinal podemos ter controle e segurança,
diante a dinâmica da via e todas as intempéries?
O desenvolvimento da sabedoria nos auxilia na
aprendizagem do ser apegado - desapegado, do saber vivenciar lutos, do deixar
ir, do libertar-se e libertar.
A beleza do ser “apegado – desapegado” potencializa
o estado de gratidão e plenitude nos ecos da saber celebrar, que também
compreende cuidar e nutrir, cativar e amar, num processo dinâmico em que este
movimento nos possibilite estados genuínos e a mutualidade de forma
incondicional.
Afinal cuidar, também implica em deixar-se cuidar?
Quando posso olhar pra mim e posso olhar pra você,
olhar para os outros, e olhar pra nós, com a coragem e a leveza de reconhecer e
assumir o que realmente importa?
O fluir na minha própria voz, e te observar fluindo
na tua própria voz, nos conecta num estado pleno de graça e leveza, em que valorizamos
o valor intangível que se faz latente e tangível na nossa forma de ser, estar e
interagir com o mundo e uns com os outros.
Nos conecta a confiança de que a possibilidade de
facilitar este processo de dentro pra fora e de fora pra dentro, em nós e
naqueles que se apresentam receptíveis, e a sabedoria de aceitar a
indisponibilidade daqueles que não estejam receptíveis a nós, é algo criativamente
- libertadoramente mágico.
Me é confortável e seguro, dispensar o controle
ilusório, a segurança ilusória, e viver neste espaço entre eu, você, os outros
e nós - uns com os outros, e com quem queira trilhar sua verdade autenticamente
- do jeito que é.
Me é desconfortável e incomodo, a sensação de que
outra pessoa quer me controlar, domar, anular ou modificar de modo a moldar as
suas expectativas e padrões seja em qual tipo de relação e relacionamento isto
se apresente no meu caminho.
Quando alguém quer impor a mim um jeito certo de
existir, falar, vestir, ser, ter, se apresentar, escrever, comunicar, interagir,
ler, estudar, desenhar, falar, sentir, viver, observo que minhas zonas de
conforto são acionadas de modo a sinalizar limites, alarmes de segurança são
disparados, e códigos de acesso automaticamente são alterados, de modo a afastar,
neutralizar, transmutar invasões. E ao mesmo tempo existe outra coisa que se
move natural e genuinamente dentro de mim, que busca por alguma razão
desconhecida por mim, algo além, que me ajuda a reconhecer a imposição da
presença do Corvo, e que se ele existe, tem alguma função, que é um ser em
desenvolvimento e processo, e que é possível nutrir uma distância de proteção,
sem fazer mal ou partir para o revide.
Logo o Espantalho emerge de braços abertos e
sinaliza, estou por aqui, eis que vale cuidar da plantação, posso deixar o
Corvo pousar em meus braços ou cabeça, ora contudo, num processo automático de
afastamento do espirito que norteia e nutre o solo e tudo o que é para além da
plantação, no jardim secreto de nosso ser.
A zona de conforto passa a ser confortável ao
transcender da sensação de segurança e controle, para a ação de influência e
inspiração educacional transformadora. O que me possibilita e também a você e
aos outros expandir e mudar a frequência e toda a sintonia de uma forma
libertadora.
Saber dar tempo e espaço ao Corvo, sem alimentar
seus avanços, é saber sinalizar os limites da sua atuação, e o convite para que
mude de rota, ou no mínimo não avance.
Quando descobrimos na autonomia o espelho da
interdependência, a noção sistêmica da nossa existência transpõe a ideia de
constelações, e nos ajuda a captar, reconhecer e vivenciar cada sinal e
movimento da vida em estado de graça e encanto por cada movimento
disponibilizado pela lei da sincronicidade.
Transformar nossa zona de conforto, em tempos de
pausa e revisão interior sagrada, nos possibilita para além do alhar e
transformar nossas prática, transcender as zonas do medo que paralisa, e ir ao
encontro do que necessário é viver à jornada na frequência do dar natural na
plenitude do amor comportamento.
Transcender a tentação do ignorar o Corvo ou a
Situação é diferente de permanecer inerte e indiferente as potenciais ou reais perdas
e danos que podem ser causadas. Requer mudar a frequência da indiferença, do
isolamento, da negação, da fuga ou negação, e encontrar uma outra alternativa
que possa transformar contextos e relações.
Saber amar, aceitar, compreender, confiar e respeitar
o Corvo e a Zona de Conforto, é antes de tudo viver a integridade dos limites,
e transpor as limitações assertivamente.
Com amor,
Elaine Souza – SP. 16/12/2019 – 00:50 para 15:08
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