Assumir uma postura livre de artifícios, subterfúgios ou artimanhas, liberta-nos das próprias amarras e das amarras alheias; e liberta os outros de nós, também. E é tão vital quanto mágico o sopro da vida.
Algumas possibilidades para nos tornarmos mais atentos a nós e aos outros, no sentido de conexões e percepções; ao invés de cobranças, chantagens e imposições:
- Observar e respeitar o espaço que damos ao outro e que o outro nos dá;
- Ao nos sentirmos invadidos, desqualificados, subestimados, superestimados, desrespeitados e etc., averiguar inicialmente que tipo de espaço ao outro concedemos;
- Diante ao sentimento de invasão e ou uso, refletir e ponderar sobre a existência de brechas para o contexto e ou se estamos lidando com pessoas invasivas e espaçosas por natureza. E após o devido discernimento, constatação e reconhecimento rever nossa própria postura;
- Estabelecer sintonia entre o que sentimos, pensamos e queremos, para melhor efetivar com congruência nossas escolhas e decisões;
- Reconhecer como e o quanto interferimos na vida dos outros e vice e versa;
- Alimentar a vitalidade das relações inspiradas e aspirantes na equidade e hombridade;
- Considerar e rever o quanto alimentamos ciclos viciosos, ao dar espaço para interações de modo nocivo, que minam com o âmago;
- Romper com ciclos viciosos, buscando interagir de modo saudável;
- Rever ações, pensamentos, sentimentos e sensações, buscando discernir a diferença tênue e alarmante entre sensibilidade e sentimentalismo;
- Permitir-se a ser sensível, e refrear-se no “vigiai e orai” evitando atuar de modo sentimentalista e meramente reativo;
- Respaldar-se nas vibrações que fluem e são emanadas, em sincronia conosco, adotando enquanto farol o que se sente;
- Atentar-se a sincronia e discrepância do sentir, pensar, agir e intuir, buscando através da sinalização das sensações maior congruência pessoal e coerência respeitosa para com os outros;
- Priorizar o desenvolvimento humano, que fortalece a sintonia de si na arte do relacionamento intrapessoal e interpessoal;
- Adotar a postura de mediação, elegendo prioritariamente a postura de conciliação: consigo; com o outro; e mútua. Uma fonte geradora de sensações de prazer, sentimentos de pureza, pensamentos de leveza, que nutre ações saudáveis, por isso produzem e reproduzem sensações de bem estar.
- Respeitar sua individualidade e a individualidade do outro, no sentido de considerar e preservar a própria identidade; a identidade do outro; e a identidade que se forma na existência e sentido da relação estabelecida;
- Atentar se ao prazer de estar só e do estar junto. Que o estar junto transcenda as convenções, conceitos, pressupostos e preconceito exteriores, interiores e sociais;
- Compreender e dar espaço ao silêncio fecundo dos relacionamentos de todos os tipos e gêneros;
- Considerar e transmutar o silêncio estéril dos relacionamentos; buscando discernir e identificar a existência ou não do vácuo que sinaliza a mudança e ou perda de sentido a manutenção da relação;
- Adotar a postura de relações “ganha-ganha ou nada feito”. O que significa ser bom para ambos os lados e todos os lados o ser útil e servir. Lembrando que usamos e somos usados no sentido do sermos úteis na disponibilidade de servir;
- Ceifar todo e qualquer tipo de relacionamento em que se tenha por premissa a relação de uso. Usar ou ser usado além de nocivo e pautado de futilidades é bem diferente de servir e ser útil.
- Dos artifícios, sempre atentar-se ao que te move, e ao que nos move. O aspecto da sedução e sensualidade é um cenário típico para elucidar o que queremos significar com o isentar-se de artifícios e artimanhas;
- No jogo da sedução e da sensualidade, atentar-se para os estímulos externos e as motivações internas que te movem e ou faz querer atrair o outro. Alguns exemplos: a) querer ir pra cama com alguém; é diferente de querer levar alguém pra cama; b) querer um marido ou esposa; é diferente de querer amar e ser amado com reciprocidade numa vida conjugal; c) querer ter a amizade de alguém; é diferente de vivenciar a amizade com alguém; d) transferir ao outro o poder da sua felicidade e auto-realização é diferente de partilhar de si e do outro com reciprocidade e interdependência;
- Nos subterfúgios e amarras, sempre atentar-se ao que faz sentido e ao que deixou de ter sentido. Evitando as armadilhas inconscientes e conscientes que distorcem o próprio discernir dada as influencias nocivas que nos paralisam e nos deixam estagnados quando perduram por muito tempo, tais como: culpa, divida emocional, convenções sociais, expectativas alheias, inseguranças, vaidade, orgulho, egoísmo, posse e etc.;
- Mantermo-nos leal a nós mesmos e a vida, aos sentimentos e intuições mais genuínos ao nosso âmago, sabendo ser apegado desapegado;
- Zelar por uma postura de vida, que cuide de si e dos outros enquanto graça e dádiva da vida, não se deixando fazer ou ter por descartável, nem aos outros;
- Considerar que os estados de humor nos afetam e afetam aos outros. Temos o direito de ser e estar bem humorado ou mal humorado, e os outros também;
- Cuidar de si, dos outros e da relação, é também não transferir aos outros o peso e responsabilidade pelo nosso estado interior;
- Reconhecer o estado interior do outro, sabendo identificar se esse está disponível ou indisponível emocionalmente para estar próximo ou se necessita de tempo e espaço para se refazer;
- Agir com sinceridade, clareza e empatia sabendo comunicar ao outro nosso estado interior, e respeitar cada estado é ser integro e digno a si mesmo e aos outros. O que engloba saber receber e respeitar a comunicação interior e o estado de cada um, e do outro, o que alimenta a qualidade, harmonia e confiança no relacionamento;
- Cativar e deixar-se cativar por relacionamentos verdadeiros, ao dar de si com amor e amizade, o que exige interesse genuíno, comprometimento, disciplina, determinação, confiança, compreensão, respeito, consideração empática e paciência;
- Quanto mais integro somos conosco, mais somos com os outros e vice versa;
- Vivenciar a grandeza e transmutar as futilidades que limam a nós e aos outros por alimentar relações artificiais e repletas de pressupostos;
- Aprender a enxergar e saber interagir com o outro independe do sexo (feminino e masculino / mulher e homem). Algo que se eleva a esfera do reconhecer nas pessoas, antes de tudo um ser humano com toda a sua complexidade e simplicidade;
- Reconhecer que homem e mulher, antes de tudo refletem uma pessoa em processo e desenvolvimento, liberta a si e ao outro das convenções, rótulos e enquadramentos psicossociais;
- Seja homem e ou mulher, dar espaço e ocupar o espaço de si, é também permitir-se e facilitar ao outro o respeito e consideração das sensações, emoções, do sentir, intuir, pensar e agir;
- Transmutar os paradigmas e convenções sociais, uma vez que independente do sexo, pessoa: chora, teme, receia, satura, sente, intui, sonha, pensa, age, fantasia, deseja, instiga, provoca, enraivece, sente a presença e ausência da libido, pode estar afim ou não, fica disponível e indisponível, decepciona e decepciona-se, ama, apaixona-se, emudece, e etc. E isso não se limita ao ser homem ou mulher, ao contrário harmoniza o reconhecer, considerar e respeitar a dignidade humana;
- É prudente não limitar uma pessoa ao seu sexo (mulher ou homem). O fato de ser mulher ou homem, não limita nem é limite para o nosso jeito de ser, viver e existir, no campo dos sentimentos. Desse modo transmute as limitações, liberte-se e liberte os outros dessas armadilhas;
- Conscientizar-se que no campo do sentir, pensar, agir, intuir, e degustar sensações e emoções nem todos se encaixam no “perfeito” enquadramento “com mulher é assim, com homem é assado”. Pode ser diferente... Pode acontecer diferente... Pode ser?
- Dosar a paciência para com o seu próprio processo de autoconhecimento, regando-o com compaixão, discernimento, coragem, serenidade e perseverança, mais do que um ato de humildade e sabedoria revela a sincronicidade do tempo ao seu tempo;
- Aprender que entre se descobrir, reconhecer e constatar aspectos da personalidade e intimidade a serem transmutados e reinventados, situações a serem revistas e cativadas por novas escolhas, há um tempo de maturação cujo tempo do sentir até o agir, pode se dar no mesmo tempo que se levou para chegar ao ponto da necessária mutação. Nossa natureza e a natureza das coisas e situações, feito árvore possui raízes e sementes no semear e fortalecer, até a chegada das estações do brotar, multiplicar, florir e frutificar.
O contemplar a natureza, seus mistérios, sua simplicidade, a complexidade de espécies, a sabedoria das estações e ciclos naturais, e reconhecer-se no contexto ao revelar-se e descobrir-se nos ajuda a impulsionar a sabedoria da consideração existencial em nós e nos outros, no mover-se a aceitação do que realmente se é.
- De qual estação somos?
- Em qual estação estamos?
- Em qual ciclo nos identificamos?
- Qual fenômeno natural reflete mais de nós mesmos?
- Para além do ser humano, qual espécie da natureza te faz reluzir e perceber-se?
E finalmente não mais e ou menos importante para o livrar-nos dos artifícios, subterfúgios, artimanhas, amarras e armadilhas para além do reconhecer que não há receita de bolo desconsidere tudo o que até aqui partilhamos e se sentir vontade faça um mergulho interior na seguinte proposta reflexiva:
Se estivesse em suas mãos o poder de mudar o ser humano, toda a sociedade e as convenções sociais. E para o processo de mudança e criação, uma única regra: Priorizar 06 (seis) premissas e 12 (doze) valores enquanto postura de vida do ser humano e da sociedade. E um roteiro a ser desenvolvido, já contendo os seguintes “rabiscos”:
- O que mudar?
- O que manter?
- O que continua tendo sentido e o que deixa de ter sentido pra você?
- Há regras e premissas? Quais?
- Há valores e princípios naturais na regência do ser humano e da sociedade? Quais?
- Algum norte e ou limites, tais como: O que é de livre escolha e o que é balizado por regras de convivência?
- Há interação e relacionamento entre pessoas? Para quê?
- Na diversidade dos relacionamentos como o ser humano se relacionaria afetivamente, sexualmente, amorosamente e espiritualmente consigo, com o outro e com a natureza?
- Há preservação e conservação da espécie e da sociedade? Como e para quê?
Tais respostas que não são nem precisam ser fixas, imediatas e ou explosivas, apenas seu diário de bordo, enquanto bussola interior que de algum modo vão ao encontro das suas próprias possibilidades no atuar de modo atento a si e aos outros, no sentido de conexões e percepções; ao invés de cobranças, chantagens e imposições.
Cada clarão funciona como a riscada de um fósforo num quarto escuro. Se mover-te ao encontro do candeeiro e direcionar a riscada do fósforo a esse, poderá melhor clarear o que faz sentido e tem sentido pra você. Ao encontrar o que há de mais sublime e puro na essência do teu ser, poderás ultrapassar as esferas das vontades, e cativar as oportunidades para fazer perdurar no encontro dos sentidos, comportamentos e atitudes de dentro pra fora e de fora pra dentro de modo cíclico o poder da mudança.
Acreditamos que não haverá melhor diário de bordo para você, do que o seu próprio diário para revelar-te qual é e como se dá o seu sopro de vida.
Sentimos que quando o que nos move se respalda na nossa bússola interior, ao reconhecermos no farol da interação, as mágicas e os seres em sincronia conosco, se dá a amplitude do banquete na festa do celebrar e viver a vida. Os sentimentos e sensações no intuir e decodificar a própria existência se torna ainda mais ágeis e imensuráveis.
Então boa degustação e desenvolvimento. E desejando mágicas somas a ti!
Abraço com ternura,
Por Elaine Souza – SP. 02/12 - 16/12/2011 – 18h37min
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