sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ZONA ESPACIAL – A INTERFERÊNCIA E INFLUÊNCIA MÚTUA NO SEIO FAMILIAR

No seio familiar, é possível observar situações das quais um familiar próximo ou distante, adota uma postura de interferência em nossa vida de modo cômodo e ou incomodo?
Cada ser humano traz em sim um jeito de ser que transcende aos papeis sociais exercidos, aos próprios valores e ao sistema de valores familiar. Revelando-se em atitudes, comportamentos, e códigos de conduta estabelecidos com o conviver e para a convivência.
As interferências e influencias mútuas, com a convivência, por vezes acabam por incorrer na “banalidade”. Situações e posturas por vezes vista enquanto algo tão natural e normal, que nem nos damos conta da diferença entre ceder e se anular, conviver e atropelar, compartilhar e impor de modo mútuo ou “unilateral”.
Ao acionarmos o “orai e vigiai”, é possível descobrir reciprocidade nos estados de satisfação e insatisfação, de prazer e desprazer, e da sintonia de comportamentos e atitudes. Flagrar-nos, por exemplo, no “efeito cascata” a fazer a mesma coisa que abominamos ou nos acostumamos a receber dos outros, com os outros.
Há momentos de maior turbulência e indignação com o processo de interferência. Por vezes revelados de modo explicito nas fases de luta interior, em que se explode e ou se implode, o outro explode e ou implode, de modo “esperado inesperado” para com os mais afoitos no movimento de invasão de território no reforçar o estado de incomodo.
Considerando que no nosso caso os insights na maior parte do tempo se dá por imagens, músicas, cores, poesias, sons sincronizados que logo se transformam em palavras, aqui partilhamos a imagem que emerge nesse pensar e refletir sobre o processo de interferência e influência familiar no nosso jeito de ser e viver:
Quando crianças, quanto mais pequeninos, maior a interferência e sua dependência para sobreviver e ampliar nossa existência.
Logo emerge a imagem de crianças começando a engatinhar, dar os primeiros passos. E alguém poderia dizer que somente a partir de certa idade é que começamos a rejeitar interferências e invasões não solicitadas. Será?
A intuição nos sinaliza algo diferente, não tão “preto no branco”, gerando sensações, sentimentos e pensamentos que divergem da limitação de tempo e idade para existir e co-existir, agir e interagir.
Recordando imagens de experiências passadas, com bebês e crianças que chegamos a ninar, a amada Tathy, hoje já mulher, por exemplo, chega a ser impressionante de tão encantador. Se você já ninou, trocou fraldas, alimentou, deu banho, brincou e ou vestiu um bebê, sendo uma pessoa observadora e atenta a esse enquanto um Ser Vivo, Autônomo e Interdependente, certamente percebes ou perceberás o que estamos aqui a traduzir enquanto imagem.
Por mais que o processo de dependência, independência e interdependência estejam co-relacionados aos estágios / fases da vida, aos anos de existência, não sabemos o quanto é possível afirmar e defender que: quanto menos idade maior a dependência do outro. Voltaremos nesse ponto posteriormente.
Prosseguindo a experiência com bebês, existe algo de mágico, simples e complexo, nessa fantástica descoberta e vivência, vejamos alguns exemplos:
  1. Se você, colocar na boca do bebê algum alimento que ele não deseja ele automaticamente rejeita pelo mesmo canal.
  2. Se você forçar “afinal ele precisa se alimentar”, não tem jeito, por mais calma e paciência, por maior que seja o cuidado, se ele não quer até com a própria língua ele empurra a colher, isso se ele abrir a boca. 
  3. Se você insistir e forçar o bebê, depois ele vomitará. Sim, ele encontrará algum modo instintivo e criativo de lhe mostrar, que não é por ai.
  4. Se você vestir o bebê com uma roupa que pinica, faz mal ou ele não se sinta confortável, logo ele se apresenta inquieto, puxa a roupa, se mexe todo. Alguns bebês conseguem até arrancar a roupa, gerar alergias, assaduras e etc. 
  5. Desde bebê não é novidade que somos observadores, se somos manipulados, ingênuo seria pensar que não sabemos manipular. Aliás há bebês que já nascem “pós doc” no ser maroto e sedutor;
  6. Deixar papai e mamãe desconcertados, por não atendermos ao pedido de brincar, sorrir ou mandar beijo, quando não estamos disponíveis ao clima proposto e ou imposto.
Ainda bebê já conseguimos emitir sinais, atitudes e comportamentos com o objetivo de estabelecer alguma comunicação com o outro e ou no mínimoo demarcar e conservar nosso “território”. Vamos, nos “moldando”, nos “adaptando”, aprendendo naturalmente a fazer caras e bocas; abrir o berreiro; não fazer caras e bocas se não estamos afim.
É impressionante, mesmo no ventre materno se a gestante come algo, sente algo ou faz algo que gera mal estar e incomodo ao bebê, ele também provoca reações em si e nela.
Independente da idade se somos dominados e domados, ingênuos seria acreditar que enquanto bebês somos incapazes de dominar ou domar outro ser, a família e etc. E conforme vamos crescendo vamos encontrando novas formas e ferramentas de defesa para sinalizar a nós e aos outros o território de acesso permitido e de acesso negado, no  garantir nosso espaço existencial.
Mera coincidência? Bobagem? Normal? Faz sentido?
Consideramos que testamos e somos testados o tempo todo. Sondamos e somos sondados. Utilizamos nossa inteligência racional no processo de comparação e lógica. E quando o aprender se dá na esfera do sentir, conseguimos apreender, encontrando e descobrindo novas formas de sinalizarinterferência permitida” e “interferência não permitida”, nossos códigos de acesso ao que é cômodo e ao que é incomodo.
No objetivo de viver e existir, impor-se e encontrar o nosso espaço, zonas de conforto, e território agimos e interagimos conosco e uns com os outros. Por observação e percepção constatamos que quanto mais viciosa e dependente essa troca, mais aptos nos tornamos no jogo de controlar e ser controlado, sinalizar e ser sinalizado.
No processo das relações, o autoconhecimento potencializa a habilidade e competência de autocontrole e inteligência emocional, nos facilitando por assim dizer, ser mais proativo e assertivo em prol da relação saudável conosco, com o outro e com o mundo.
Quanto mais recebemos interferências respeitosas e disciplinadoras, com valores altruístas, e genuínos exemplos de hombridade, independente da fase e estágio de vida, mais vamos descobrindo outras formas de conservação, autonomia, realização e socialização. 
A linha divisória entre postura de interferência e influência de modo cômodo e ou incomodo, perpassa por uma zona espacial. É como se cada um de nós tivéssemos zonas de confortos e de desconfortos no que reconhecemos e consideramos enquanto nosso território interior e exterior, o que aqui estamos também denominando zona espacial.
Da imagem do semáforo emprestamos os códigos “verde, amarelo e vermelho”, para elucidar o que aqui queremos significar de influências e interferências cômodas e incomodas - permitidas e proibidas. No verde há fluência e reciprocidade; na tentativa de avançar o amarelo ressoa um sinal de alerta; havendo a sensação de invasão e sentimento de uso o vermelho escandaliza, logo o conflito assume seu posto.
Nossa interação conosco e com os outros, se dá com o processo e corresponde aos estados, numa cíclica fluência natural em que o “nós” e o “outro” atuam num processo altamente dinâmico e correspondente, ao território do si mesmo, havendo para ambos as sinalizações, as zonas de conforto e desconforto, que traduzem os espaços que se permite e nos permitimos tocar e adentrar, os espaços suspensos e os literalmente proibidos.
Assim compreendemos que nossa zona espacial possui códigos de acesso, que são claros e sinalizam os espaços que se pode adentrar e os espaços que não se adentra. Compete a cada um de nós a consideração e a postura respeitosa para com a nossa privacidade e a privacidade do próximo, no intuito de conservar a integridade e dignidade humana em nós, no outro e com o mundo.

Com afeto,
Por Elaine Souza – SP. 09/12/2011 – 19h27min

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