segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A Descoberta: Mulher Sedutora & Mulher Fascinante

Recorrendo ao Diário de Bordo - Parada no ano 1996
AMIGÃO CULTURA - SACANDO AS REPETIÇÕES E OS SINAIS
Nota: aqui para preservar sua identidade, batizo-o de “Meu amigo Einstein também é Cultura”

1996 – Opa, de novo. Ahm han, uhm (deixe me observar). Consegui reverter alguns, me afastar de outras situações e pessoas. E agora tenho uma fonte externa que sinto ser rica em sabedoria e experiência. Um belo ser que conheci e que foi sincronia de almas desde o primeiro olhar. Nós nos tornamos grandes amigos, transcendendo a esfera hierárquica, ou do “estar afim dê (...)”, ou “estar invadindo (...)”. Já sei vou perguntar pra essa fonte. Como essa me vê e sente o meu comportamento. Quem sabe ela me ajuda a descobrir, porque isso tem sido tão freqüente em minha vida. Deve ter alguma lição pra eu aprender.

- Einstein, tu és para mim uma liderança inspiradora. Gosto do seu jeito de ser e de como se relaciona com as pessoas. E ando meio confusa, não consigo entender porque pessoas que eu não tenho a menor das intenções ou interesse em me relacionar sexualmente, namorar ou qualquer coisa do gênero, se apaixonam por mim e querem me roubar de mim, e porque outras me excluem e se sentem invadidas, e me acusam de más intenções para com elas. Há pessoas que dizem que sou eu que provoco essas reações, mas eu não consigo descobrir como. Você acha que sou uma mulher sedutora?
(risos de surpresa se escancaram em sua face, e vem a resposta)
- Não, você é fascinante.
- Ué, e qual a diferença entre uma mulher sedutora e uma mulher fascinante?
- Elaine, você vai descobrir com a vida. Por ora posso lhe adiantar que a mulher sedutora, vai ou até leva um homem pra cama, pra conseguir o que quer. Já a fascinante, ela apenas passa espalha um perfume, um aroma que gera sensações de prazer no ambiente, e que alguns já estão tão secos, machucados ou desconfiados que se sentem mal, e outros estão tão famintos que querem o perfume todo, mas ela passa, ela não fica, ela é um espírito livre.
- Hei, isso é legal, me fala mais. (...)
(risos de empatia se escancaram em sua face, e o Einstein, continua)
- Temos muitas dificuldades e bloqueios na área do sexo, da sexualidade e dos relacionamentos afetivos, muitas carências, e confundimos tudo isso com o amor. Num passado distante, tudo é livre e liberado, porém não havia controles e a humanidade se perdia. Então radicalizou-se nos controles, porém as necessidades instintivas continuam ai e em nós a toda prova. Te vejo como um Hippy, mas não com as distorções do hoje. Um espírito livre que quer e se relaciona com o mundo. Talvez uma Cigana que passa e espalha sementes. O lugar dela não é num ponto fixo, é na Terra e no Mundo, ou no Universo Livre, como você mesma gosta de dizer.
- Nossa essas imagens são muito loucas, Preciso meditar sobre isso. Não sei o que significa exatamente, mas de algum modo tocaram o coração da minha alma. Vou refletir sobre o sentido de sedução e fascínio.
(risos de satisfação se escancaram em sua face, e o Einstein, continua)
- Sabe, é por isso que uma delicia conversar com você, as horas voam e agente nem se dá conta. Você se aprofunda naturalmente e provoca o mesmo efeito no outro. Com você não tem o: Tá tudo bem com você, por obrigação. Você vê o além, e é isso que eu chamo de “fascinante”, talvez na resposta que você esta buscando esteja o equilibrar o ponto de quem quer ser visto no além e quem ainda tem medo.
- Eita, agora você me confundiu, mais ainda. Como assim?
- Quando você olha tão fixamente em meus olhos. Eu gosto, e quero me aproximar mais, e você deixa muito claro em quais pontos posso adentrar e em quais pontos se eu tentar, você me jogará pra bem longe. Na verdade quem se confunde com suas intenções é porque não esta te vendo na realidade. Pra mim é muito claro quando você esta interessada em alguém como mulher e quando você esta interessada em alguém como pessoa. Seu desafio esta em descobrir que as pessoas funcionam diferente, e nem todos percebem do mesmo jeito. Lembra da merda no ventilador?
- Ah, sim claro eu me lembro, quando eu te disse que sentia que você funcionava diferente dos outros Gerentes Gerais, e que com você da faxineira ao diretor, todos tinham acesso a você direto e imediato, e que as pessoas não tinha medo de você, e que eu adorava isso em você, porque embora eu não fosse das pessoas que tem medo por cargos ou status, sentia que alguém como você provocava um clima mais leve na equipe, e indaguei por que você agia assim, o que eu achava ótimo. Você me respondeu, que existia uma diferença entre ser Chefe e ser Líder. E que quando as pessoas tem medo do Chefe elas escondem os erros, mentem, camuflam. E quando o Chefe toma conhecimento do erro a merda já esta se espalhando no ventilador. E quando as pessoas não têm medo, antes do erro se efetivar elas antecipam e participam ao Líder, e dá temo de corrigir, ao invés de medo elas sentem confiança.
- Nossa você lembrou tudo?
- Claro que sim, achei o máximo. Eu gostei disso faz sentido. Tem muito haver com a minha educação. Pra mim, respeito não tem nada haver com medo e temor.
- Então, voltando à comparação é a mesma coisa, considerando a expressão que você usou da auto-sabotagem, e conciliando com o que falei sobre as carências humanas. No mundo você encontrará de tudo, e embora o seu pai tenha lhe ensinado sobre o olhar nos olhos, e eu considere algo muito profundo e válido, é preciso considerar que as pessoas se distanciam disso. E quando você olha assim também para outras pessoas, você encontrará de tudo: pessoas que como eu irão gostar, se confundir, fugir e etc. Se confundir, por mais estranho que lhe seja, por veze é natural, dado as condições e a forma de viver, que nos colocamos.
- É, faz sentido, assim como na nossa relação, vejo que tem gente que se confundiu, eu esclareci, a coisa clarificou e tornamo-nos grandes amigos. Porém tem outros que saíram bravos e irritados e dizendo que foram enganados. Outros que disseram tudo bem entendi errado, vamos ser amigos, porém insistiram em outra coisa, então dada a insistência de desvio e forçar a barra escolhi me afastar. Eu não sei porque as pessoas confundem a intimidade de almas com posse, apego e sexo. Digo, começou a ficar intimo e rolar sincronia, já querem logo pular para o sexo, como se fosse algo obrigatório, como se fosse o selar pactos e apropriação do outro. Eu sou muito inexperiente nessa área, porém sinto sinceramente uma sensação de confusão e fuga, quero dizer que quando as pessoas começam a ficar muito próximas e sentir uma conexão mágica de almas, logo querem tornar-se donas umas das outras, e não conhecendo outra forma, acham que sendo o par “namorado, noivo, caso, casamento, amante”, sei lá do outro, terão suas posses. Acho isso confuso, pois acabam por fugir, pular etapas, e depois ao invés de continuarem sendo mais intimas, entra a posse, o ciúmes, a raiva e toda essa confusão que vejo e ouço por ai, por aqui.
(silêncio)
- Elaine, é isso que é fascinante em você. Você tem uma clareza das relações, dos relacionamentos, das confusões e dos conflitos na espécie humana, que não é comum, por vezes assusta pela sua idade. E a segurança que você tem para colocar os seus limites, para sinalizar e educar quem quer se relacionar com você. Algo que diz, até aqui você pode vir, daqui pra frente cai fora que eu não to afim, é algo imensurável. E é verdade essa intimidade de almas sem pular etapas, e partir pra cama, é mágica como você diz, e fascinante como eu considero. Nós faz ver coisas em nós, lembrar de coisas em nós, e isso é deslumbrante. Talvez você esteja exigindo das pessoas uma maturidade relacional que ainda não se tem, uma pureza que se perdeu, uma intimidade que assusta e como bichos se foge ou se come.
- O que é isso que você esta lendo?
- Ah, ainda não comecei a ler, uma amiga que disse que é legal, passei na Banca e comprei pra dar uma olhada.
- Deixa, eu ver (pegou a revista com a fita de vídeo).
(e continuou)
- Ah, não Elaine, isso é pouco pra você, isso é lixo pra você. Você já nasceu diferente, os teus livros são outros, os livros que você precisa ler e que iram responder algumas coisas e te aguçar ainda mais estão na filosofia. Maquiavel, Kant, Marx, Karl, Descartes, Nietzsche, Platão, Rousseau, Sócrates, entre tantos outros. Comece lendo Maquiavel.
- Engraçado você falar de Filosofia, sabe que quando eu era criança e na adolescência, algumas pessoas me chamavam de filosofo, e eu não entendia, muito bem porque me diziam isso. Então imaginava aqueles velhinhos dos filmes com barbas brancas isolados no alto de uma montanha ou na floresta. E eu tenho pra mim, que eu gosto de gente, gosto de estar com as pessoas. Não iria gostar de me isolar do mundo, por muito tempo. Confesso que tem momentos em que eu me isolo, me afasto, para me reorganizar, refletir, pensar, sentir, experimentar coisas dentro de mim, mas tem tempo de duração cada hibernar. Logo eu fico saciada e sinto fome de outra coisa, que é a do convívio, a do partilhar, do estar com gente, interagindo. Acredito que é essa interação que dá maior sentido as coisas e a nossa existência. Depois no colegial, gostei muito da disciplina de Filosofia, me interessei por algumas coisas, mas não me aprofundei muito. Achava estranho algumas coisas. Quem sabe um dia eu decida ler um pouco desses “caras”. Acho que resisto a eles, por não gostar do ar de arrogância e superioridade por vezes partilhado por quem os lê, e por outros que dizem amém, a tudo, sem questionar, porque se foi fulano que escreveu e disse, é fato. Não sei explicar mas pra mim independente de quem seja, tudo tem e requer interação, soma, não é ponto final, é reflexão. E sei lá porque ou de onde vem que me sinto irritada, quando vejo alguém acreditando em algo, porque alguém disse que é o caminho, e não porque sente de corpo e alma que é o caminho. E depois se sente vitimada e revoltada ou enganada, quando esse mesmo alguém a decepciona. Toda vez que assisto essa situação eu penso: - “ué, mas você acreditava por você ou pelo outro”. E confesso e reconheço que não gosto, do gosto que gera dentro de mim, com o que se torna “Mito ou Guru”. Eu não sei porquê e de onde vem. Só sei que aqui dentro de mim dá uma sensação muito desagradável, de mal estar, distorção, indignação, e incompreensão, e como se não houvesse a real compreensão do que se disse, se escreveu, se compartilhou e se ensinou. E também por outro lado não sinto sentido se afastar do convívio em sociedade, por ser ou pensar diferente. O que precisamos é aprender a conviver uns com os outros nas nossas mais diferentes formas de ser.
- Viu, eu disse, eu sinto, você nem leu, e conhece o sentido. Elaine, você deve ser uma alma velha e antiga por esse mundo. E compreenda isso por vezes confunde, porque muitos de nós já nos afastamos desse olhar nos olhos. Quando você pergunta se esta tudo bem, e mesmo que agente responda que esta. Dependendo da nossa forma de dar a resposta, você volta e diz: - “Quer conversar? Sinto que algo esta te fazendo sofrer?”. Isso assusta e dá prazer ao mesmo tempo, porque agente se sente visto de verdade, e como se ver despido.
- Einstein, interessante, isso que você falou sobre o meu “olhar”. Eu já ouvi de outras pessoas e diversas vezes na minha vida. Só que em casa quando eu era criança (...) não olhar nos olhos, não conversar e falar olhando nos olhos era motivo de repreensão. O meu pai diz: “que quem não olha nos olhos não presta, os olhos são a janelas de nossa alma, olhar nos olhos para falar é uma questão de respeito”. Tive amigos maravilhosos e que eu amo, e que meu pai dizia: “- esse seu amigo é estranho, esquisito ou não presta”. Porque você diz isso pai? Eu gosto dele! “– Filha, preste atenção nele, ele não olha nos meus olhos enquanto fala, ele desvia o olhar, esta escondendo alguma coisa”. Talvez eu tenha tomado isso ao pé da letra, pois além de ganhar alguns apelidos como o “Olhar 43”, sinto que no mundo fora de casa, em sociedade, as pessoas se assustam por vezes com o olhar nos olhos, e isso me confunde. Porque sinto que olhar nos olhos é bom, é gostoso e aproxima. Não estou flertando ou paquerando, apenas degustando o outro Ser para além desse tão estranho “Oi, tudo bem, tá frio, tá calor, vai chover”.
(silêncio e aproximação (...) continue Elaine)
- Então, por exemplo, eu sempre adorei dar presentes, bombons, doces, dividir os brinquedos, trocar papel de cartas, fazer poesia inspirada nos amigos, escrever cartas e textos para as pessoas inspirada no que eu via, observava ou sentia oculto nelas, ou mesmo por base em diálogos, no que chamo de “papo de louco”. Sempre adorei deixar esses presentes na gaveta, nas coisas, na mesa, em casa, na escola, em locais onde eu saiba que a pessoa em algum momento encontraria e iria lhe fazer bem. E em geral até os meus 15 anos isso funcionava, e dava certo, depois até algumas acabavam me procurando e desabafando mais, chorando, deitando no meu colo. Só que com o tempo tudo foi ficando confuso, os mais velhos confunde isso, maliciam tudo, e eu não consigo compreender muito bem. E ao mesmo tempo sinto que as pessoas por mais que neguem tem necessidade desse afago, uma vez que para tê-los inventam um monte de datas especiais, nas quais não é proibido fazer isso. Pra mim isso é pura auto-sabotagem, fuga do amor verdadeiro, o amor universal.
- Nossa, eu vou refletir sobre tudo isso, e o sentido da auto-sabotagem, em minha vida. Faz muito tempo que não ouço esse termo e quando você o usou eu tomei um susto, então preciso pensar.
- Olha lá ehn Einstein, vê se dorme. Esse negócio de não dormir ou dormir menos de 2 horas, porque fica “zureta” e pensando muito. Quem pensa de mais vira mandiopan.
(risos, rsrsrsrs).
- É Elaine, você não deixa de ter razão, minha cabeça vira uma avalanche, por isso é bom conversar com você. Algumas coisas vão se encaixando e dando sentido a outras, é o olhar, que vê.
- Então, quando Eu falei de auto-sabotagem, eu falei por saber que eu mesma faço e que muitos de nós fazemos, e é uma sacanagem consigo mesmo ou uma forma de conseguir lidar com coisas inicialmente difíceis, até que se consiga verdadeiramente encará-las. Eu por exemplo sinto que esta na hora de descobrir e encontrar mais pecinhas pra esse quebra cabeça do mundo dos adultos, porque pra mim ao invés de conversa de “louco” tá parecendo conversa de “doidão”, e isso esta me deixando confusa.
- Nossa Elaine, é que há tanto tempo que não ouço a expressão auto-sabotagem. E tudo isso tem sentido, agente vai se amargurando, e no primeiro doce que agente encontra, ou agente quer comer tudo e se lambuzar ou jogar fora por medo.
- Vixe Einstein viu, eu digo você também é Cultura, loucura, “papo de louco” total, delicia dialogar contigo.
(...)

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