quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Transmutando o Ódio e a Vingança com Perdão e Amor

ELABORANDO A VINGANÇA
A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO E DO ESCLARECIMENTO

Sempre que me pergunto se já agi com espírito vingativo, se já arquitetei para propositalmente machucar alguém, emerge no meu campo mental uma única situação que foi conscientemente elaborada, eu apenas não tinha a dimensão do resultado, mas o sentimento era de dar uma lição premeditada em alguém. Sim, eu premeditei, arquitetei, senti, pensei e agi, e depois fiquei ardendo em febre por três dias numa cama.

Eu tinha +/- 05 anos e estava na casa da minha tia passando uns tempos por lá. Havia uma menina mais velha, e na minha percepção “má”. Ela judiava dos bichinhos e das crianças pequenas, batia, zoneava e xingava. Exibia-se o tempo todo, dizia que tinha mais coisas e a casa mais bela, e ficava o tempo todo batendo gratuitamente nas outras crianças principalmente nas menores, e aquilo me deixava muito brava.

Então numa manhã eu estava sentada na porta da casa da minha tia na calçada brincando na minha com outras amiguinhas. E lá estava aquela menina que pra mim era a menina chata e má (...). Era assim que eu a enxergava. (...)
Do nada lá estava ela zombando e brigando, correndo de um lado pro outro a nos provocar. Então senti: - essa menina e ruim e precisa de uma lição pra parar de bater nas outras crianças (nota: em mim ela não batia, não fui criança que apanhava e voltava pra casa chorando, nem criança que ficava provocando os outros; fui criança na minha, amiga de todos, e que se mexesse comigo ou com os meus amigos, ou com crianças menores, velhinhos, animais ou gente que me parecia sem possibilidade de defesa, eu partia pra cima).
Então pensei: - Já sei quando ela voltar correndo na minha direção, para nos provocar e fazer essas caretas, eu vou esticar a minha perna, ela vai cair e tomar um tombo pra nunca mais se esquecer e aprender que esta errado ficar fazendo essas coisas ruins.
Um sentir, pensar e planejar muito rápido, ali se processando dentro de mim.
E adivinhe?
Ela veio correndo prontinha pra atacar de novo e embora fosse maior, foi muito fácil derrubá-la. A velocidade dela era acelerada, e foi só eu esticar minha perninha, e logo lá estava a menina “má” levando um terrível tombo. Sim, ela caiu de boca no chão e se machucou, perdeu toda a valentia, chorou pra burro, todas as outras crianças riram e se divertiram pois todas desejavam que ela também se machucasse e parasse de bater nelas. Só que veio o problema imediato dentro de mim, a dimensão que eu não previa (o e depois?).
Ela no chão chorando, as crianças rindo, e eu assustada, e triste, arrependida e com medo. Não entendi direito. Surge a minha tia Maria, que me pega pelo braço e muito brava me chacoalhando pergunta:
- Por que, você fez isso, filha, por quê?
– Ah, madinha, ela é má. Ela bate em todo mundo e fica xingando e se exibindo, ela fica provocando, não gosto dela.
- Filha, todos são filhos de Deus, temos que gostar de todo mundo, e não é certo fazer isso, você a machucou, você viu, saiu sangue da boca dela, não pode fazer isso.
- Ah, madinha, eu não queria machucar, eu só queria que ela parasse de bater e xingar.
- Vá já pedir desculpas pra ela e dizer que foi sem querer.
- Mas madinha, não foi sem querer. Eu queria que ela levasse um tombo, e foi por isso que estiquei a perna. Só não sabia que ia sair sangue.
- Agora, já chega filha, vá já pra dentro, tomar banho e se deitar, você esta de castigo.
Algumas horas depois comecei arder em febre, e apaguei, dormi horas seguidas. Acordei com a minha tia, velando meu sono, e com uma bandeja com chá e bolachas (...), a me dizer:
- Filha você sabe porquê você esta de cama e com febre?
- Não! Tia, eu to com muito frio.
- Deus esta te castigando, porque você foi uma menina má, ontem. Você nasceu para o AMOR, você nasceu para Amar as pessoas. E ontem você não Amou aquela menina que você derrubou. Você a machucou por querer. Você se lembra do que o Pastor falou?
- De amar os inimigos Madinha?
- É filha, você não amou a menina, e agora esta com febre por isso. Sentiu raiva e quis se vingar dela. E isso é errado, Deus sabe o que faz, e não é assim que agente resolve as coisas.
Comecei a chorar e disse:
- Quero dormir mais um pouquinho, to com muito frio Madinha (...)
Ela me cobriu e disse:
- Esta bem filha, durma mais um pouquinho.
Fiquei de cama por mais dois dias. E então acordei sem febre no terceiro dia, e disse:
- Madinha, me leva na casa da menina que eu machuquei.
- Por que você quer ir lá filha?
- Preciso e quero pedir desculpas.
E lá fomos nós (...)
Minha tia, ficou dentro da casa. E nós duas fomos para o quintal dela que era grande e cheio de arvores, fomos até o balanço, e conversamos, só nós duas, sem outras crianças ou adultos por perto. Eu pedi desculpas e expliquei porque a derrubei. Ela pediu desculpas, e disse que não ia mais ficar provocando e xingando. Então perguntei:
- Podemos ser amigas e ficar de bem?
Ela esticou o dedinho, e então estiquei o meu, também, e acrescentei:
- Belém, belém ficamos de bem!
Logo já estávamos brincando de balançar. Voltamos de mãos dadas para dentro da casa dela.
- Madinha, somos amigas, agora. Podemos voltar pra casa?
Minha Tia, sorriu me abraçou, e disse:
- Sim, filha! Vamos voltar pra casa.
Experimentei uma sensação muito gostosa, e voltei pra casa pulando e brincando. Tomei banho, jantamos e apaguei (dormi), feliz.
Nos, tornamos grandes amigas no período em que ali permaneci. Disse as outras crianças que ela não era má e que poderíamos ser amigos. E assim as crianças passaram a brincar com ela e ela com as crianças. E incrivelmente ela parou de xingar, bater e provocar as outras crianças.
Arrependida do que fiz, conversei com meu Anjinho da Guarda, como a minha tia, disse que eu deveria fazer. E então senti no meu coração que não era certo premeditar a queda do outro. Que deveria de haver outras formas de se defender, sem ser machucar de forma arquitetada e pensada. Era melhor ser amiga. E se fosse bater para se defender, que fosse sem planejar ou propositadamente, do contrário eu também seria má.

Essa passagem na minha vida e o dialogo com a minha Tia Maria, me marcou tanto que nunca esqueci.

No dia seguinte fomos para a Igreja. O Pastor havia convidado quem desejasse para ir a frente e cantar. Então eu falei:
- Madinha, posso cantar lá na frente?
- Pode.
E lá fui eu correndo e cantei:
Pompom
Fraterno abraço,
Com ternura,
Elaine

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